A verdade de Bruno Bravo é um delírio febril

Duas verdades confrontam-se em Subitamente no Verão Passado, de Tennessee Williams, em cena no D. Maria II até 23 de Fevereiro. A visão turvada pelo calor não deixará vê-las com nitidez.

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Filipe Ferreira
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Até há pouco tempo, Bruno Bravo desconfiava dos dramaturgos norte-americanos. Tendia a ler na sua escrita teatral ligações demasiado íntimas com o cinema, encontrava nos vários registos um estilo que não lhe estimulava a mesma reacção epidérmica que descobria em autores europeus. E acreditava que os universos de Eugene O’Neill ou Sam Shepard estavam tão impregnados de América que não resistiriam a ser passados para português. Como se antecipasse a missão suicida de fazer nascer um western (mais ou menos literal) num solo estéril para as regras desse código ficcional. Até que, há cinco anos, num curto espaço de tempo, o actor António Mortágua e os alunos de um curso superior de teatro lhe colocaram Tennessee Williams no caminho, em particular a peça Subitamente no Verão Passado (1958): o primeiro despertou-lhe a curiosidade; com os segundos viu-se a descobrir o texto em ambiente de sala de aulas. “E foi fascinante”, recorda. “Foi nessa altura que percebi e comecei a gostar muito do Tennessee Williams, a ler a obra toda e, em especial, esta peça que tem elementos que me intrigam muito — não só do ponto de vista temático, mas também da própria escrita e do que poderia significar experimentar este texto em cena.”

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