Portugal tem mais duas ambulâncias dedicadas para casos suspeitos de coronavírus

Ambulâncias estão em Coimbra e Faro. Os 20 repatriados de Wuhan vão repetir as análises quando estiverem perto do final da quarentena.

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O anúncio foi feito esta quinta-feira pelo presidente do INEM Goncalo Dias

O dispositivo para responder a casos suspeitos com o novo coronavírus foi alargado, com mais duas ambulâncias do INEM – uma em Coimbra e outra em Faro. Quanto aos 20 cidadãos que chegaram no último domingo a Portugal, repatriados da cidade chinesa de Wuhan, vão repetir as análises quando estiverem perto do fim da quarentena.

O anúncio foi feito esta quinta-feira, em conferência de imprensa, pelo presidente do INEM Luís Meira. Portugal tem agora quatro ambulâncias para transporte de casos suspeitos. “Temos as duas ambulâncias preparadas no Porto e em Lisboa, sendo que desde ontem [quarta-feira] reforçámos essa possibilidade [de resposta] com mais duas equipas em Coimbra e em Faro, para a eventualidade de termos novos casos”, disse o responsável, salientando que tudo foi feito em “estrita articulação” com a Direcção-Geral da Saúde (DGS). E caso seja necessário reforçar medidas e envolver os parceiros do INEM, isso será feito.

Já na quarta-feira a directora-geral da Saúde disse que Portugal está a preparar uma segunda linha de acção para a eventualidade de surgirem mais casos suspeitos. “A nossa prioridade são as regiões autónomas. E ter um hospital na região Centro – Coimbra — e no Sul do país. E haverá ainda uma outra linha, com 15 a 20 hospitais preparados do ponto de vista laboratorial e de seguimento dos doentes. A escalada de meios é à medida da escalada da epidemia.”

Graça Freitas adiantou que neste momento todas as Administrações Regionais de saúde “activaram já os planos de contingência” e instituições “estão a fazer o treino dos profissionais novos, a rever circuitos, as áreas possíveis de isolamento, a reforçar equipamentos de protecção individual e a testar planos”.

O presidente do INEM aproveitou para responder às criticas de falta de equipamento de protecção individual, feitas pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar. “Está a ser preparado e se for preciso, no momento certo, o INEM irá disponibilizar o reforço desse equipamento a esses parceiros”, afirmou, salientando que neste momento “não há qualquer indicação para massificar esse tipo de equipamentos”.

Acrescentou ainda que as equipas de pré-hospitalar “sabem que podem contactar com doentes portadores de determinadas doenças, algumas transmissíveis, fora do contexto que estamos a viver e as medidas básicas de controlo de infecção devem estar activas sempre”.

A questão foi levantada depois do encaminhamento de um caso suspeito com o novo coronavírus de Felgueiras para o Porto. Luís Meira explicou que na altura em que os bombeiros se deslocaram à fabrica onde estava o técnico italiano, este ainda não era um caso validado e havia a indicação de que estaria com dificuldades respiratórias. Por isso, afirmou, a prioridade foi responder de imediato ao doente. E que, quando o caso foi validado, ficou em isolamento e foi encaminhado para o hospital de referência.

Um artigo assinado por quatro especialistas em saúde pública na revista científica da Ordem dos Médicos Acta Médica Portuguesa, publicado esta quinta-feira, alerta para a possibilidade de Portugal poder não estar preparado para conter eventuais casos de infecção pelo novo coronavírus. Não fala deste caso em concreto, mas refere a “falta de preparação” ao lidar com um caso suspeito.

Graça Freitas reforçou que o caso do Porto “foi devidamente encaminhado do ponto de vista clínico e de saúde pública”, tendo chegado ao hospital que devia, internado em condições de isolamento e com testes realizados pelo laboratório de referência. “O que terá corrido menos bem? A parte da tranquilidade social”, assumiu.

“Poder-se-ia ter falado primeiro com as pessoas e tranquilizar. Mas a primeira prioridade é pôr o doente no hospital certo e em segurança”, afirmou, salientando que “às vezes os processos de validação são complexos”. E por isso, levar mais tempo até que seja dada uma validação ou não.

E rejeitou as críticas feitas no artigo. “Já estivemos preparados no passado e estamos agora. A prova é que encontramos casos suspeitos, validamos e encaminhamos para os hospitais certos. As três outras situações, como sabem, chegaram rápida e exemplarmente ao respectivo hospital. A partir de um caso deduzir que não estamos preparados não me parece que seja a questão mais correcta”, afirmou Graça Freitas, referindo que a questão da tranquilidade social “terá de ser acautelada em futuras intervenções”.

Análises perto do fim da quarentena

Os 20 repatriados da cidade chinesa de Wuhan estão agora todos juntos no hospital Pulido Valente, depois de o grupo ter pedido para ficar no mesmo espaço. E desde esta quinta-feira, entre as 10 e as 17 horas, poderão vir ao exterior num espaço que lhes foi reservado e cumprindo as regras de segurança com o uso de máscara.

A repetição das análises será feita “próximo do fim do período de isolamento profiláctico”, disse a directora-geral da Saúde. Decisão tomada depois de terem sido consultados vários peritos. A altura escolhida deverá rondar o 11.º ou 12.º dia de isolamento.

Além destes 20 cidadãos, as autoridades de saúde estão também a monitorizar, via telefone, “apenas por prevenção” os seis portugueses que estiveram na Alemanha a fazer formação com o grupo de alemães que ficou doente.

Quanto aos sete cidadãos com passaporte português que estão num cruzeiro em quarentena, Graça Freitas disse não haver nenhum risco adicional para os mesmos e não tem informação de que tenham sido testados.

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