O Boom Festival, que se realiza em Idanha-a-Nova de dois em dois anos, tem um impacto económico total no país de 55,3 milhões de euros, segundo um estudo da Ernst & Young (EY). O relatório final do estudo do impacto económico, social e na sustentabilidade ambiental do Boom em Idanha-a-Nova, a que a agência Lusa teve acesso, explica que o valor económico total, uma estimativa que exprime o impacto total do festival em Portugal, é de 55,3 milhões de euros. O valor económico total é o montante que representa a soma dos impactos directos, indirectos e induzidos no território nacional.
O presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, realça a importância do estudo para perceber o impacto económico de um evento que se realiza num território despovoado. “Podemos perceber o que é que fica em Idanha, na região e no país. Nada como ter números reais para depois poder trabalhar uma estratégia conjunta com a organização do Boom Festival”, frisou. O autarca deste município do distrito de Castelo Branco recorda que o maior impacto do evento fica em Lisboa.
Segundo o documento, o evento gera um valor acrescentado de 29,4 milhões de euros, principalmente nos sectores do comércio e da indústria, tendo um impacto indirecto e induzido de 30,1 milhões de euros. No sector do turismo, o impacto é de 6,9 milhões de euros, sendo que o documento explica que 47% dos boomers aproveitam a vinda ao festival para estadias mais prolongadas em Portugal.
Já sobre o número de pessoas envolvidas no evento, entre boomers, artistas e outros profissionais, este fixa-se nos 41 mil, “valor que representa 4,9 vezes a população de Idanha-a-Nova e equivale a cerca do dobro dos turistas que visitam o município por ano”. O Boom Festival cria ainda 549 postos de trabalho directos, sendo que “as despesas com remuneração deste volume de emprego ascenderam a 14 milhões de euros”.
“O festival apresenta uma capacidade singular de atrair turistas para Portugal, funcionando como evento âncora de uma viagem que se prolonga sobretudo para os turistas não residentes, grupo esse que se renova a cada edição (65% foi ao festival pela primeira vez)”, lê-se no documento.
O estudo da EY sublinha ainda que, em média, os não residentes passam 7,4 dias no festival e 6,4 dias noutros destinos e adianta que, apesar de o número médio de dias dos residentes e não residentes no festival ser semelhante (7,3 e 7,4 dias, respectivamente), verificam-se diferenças significativas quanto à duração de toda a viagem. “Apenas 13% dos residentes aproveita para passar, em média, uma noite fora de casa para além do festival. Por outro lado, os não residentes procuram alargar a sua viagem a outros destinos, quase na mesma duração da estadia no evento (7,4 dias durante e 6,4 antes ou depois)”, sustenta.
O número de participantes no Boom Festival cresceu de forma exponencial desde a sua primeira edição, em 1997, até 2018. “Em 1997, os participantes no festival foram cerca de 3500, enquanto em 2018 foram 41.766. Desde 2014 que o número de participantes do festival estabilizou em cerca de 40 mil, devido a uma opção estratégica da organização”, refere o documento.
Portugal, França, Alemanha e Reino Unido têm sido as nacionalidades mais representadas ao longo das diferentes edições do festival, sendo que, nos últimos anos, a participação de pessoas com nacionalidade holandesa tem sido reforçada de forma estável. O Boom Festival escolheu o “Antropoceno” como tema para a edição de 2020, que se irá realizar em Idanha-a-Nova entre os dias 28 de Julho e 4 de Agosto.