28°C em Fevereiro: Temperaturas e vento forte dificultam combate às chamas na ilha da Madeira

O incêndio, que deflagrou na madrugada de segunda-feira, continuava activo na noite de terça-feira.

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As temperaturas elevadas têm propiciado o deflagrar de vários fogos por toda a ilha Nelson Garrido/ARQUIVO

As elevadas temperaturas e o vento forte dificultaram esta terça-feira o combate às chamas na freguesia da Ponta do Pargo, extremidade oeste da ilha da Madeira. O incêndio florestal, que deflagrou na região na madrugada de segunda-feira, continuava activo na noite de terça-feira.

Ao final da tarde desta terça-feira, o presidente do Governo Regional deslocou-se ao local, numa altura em que o combate às chamas envolvia já 47 operacionais de seis corporações de bombeiros e 18 meios terrestres, segundo indicação do Serviço de Protecção Civil da Madeira. “O incêndio ainda não está totalmente debelado e tivemos aqui condições muito complicadas, com uma humidade abaixo dos 30% e as temperaturas atingiram, nesta zona, 28 graus e ventos na ordem dos 40 a 50 quilómetros por hora”, disse Miguel Albuquerque, em conferência de imprensa no posto de comando da Protecção Civil, localizado no sítio do Amparo, citado pela agência Lusa.

Os bombeiros vão permanecer na freguesia da Ponta do Pargo, que pertence ao concelho da Calheta, durante toda a noite, tendo em conta que a previsão aponta para que as actuais condições meteorológicas se mantenham até quinta-feira, embora o vento tenha abrandado nas últimas horas.

Os vários focos de incêndio que deflagraram ao longo do dia, praticamente ao longo de toda a freguesia, registaram momentos de grande intensidade, conforme constatou a Lusa no local, tendo atingido também algumas áreas de mato no centro da vila.

O incêndio começou no sítio da Lombada Velha, às 05h16 de segunda-feira, e desde então alastrou a várias localidades da freguesia, em zonas de mato e floresta, aproximando-se, por vezes com perigo, de algumas residências, devido ao povoamento disperso que caracteriza a região. Houve algumas zonas de pasto que arderam, mas o Governo Regional garantiu já apoio aos produtores de gado afectados. Algumas levadas e canais de abastecimento de água foram também danificados.

Os focos de incêndio, que já devastaram uma extensa área, foram combatidos por seis corporações, entre as quais os bombeiros da Calheta, Voluntários Madeirenses, Sapadores do Funchal, Câmara de Lobos, Porto Moniz e São Vicente e Machico. As operações envolvem também o Corpo da Polícia Florestal, o Comando Regional de Operações de Socorro e o Serviço Municipal de Protecção Civil da Calheta, a GNR e a PSP.

O incêndio florestal aproximou-se na tarde desta terça-feira da zona da Lombadinha, segundo avançou o Diário de Notícias da Madeira. O mesmo jornal acrescentou que as autoridades estavam a controlar a entrada de carros na localidade, estando os acessos já condicionados, e que os moradores foram aconselhados a abandonar as habitações.

O Diário de Notícias da Madeira revelou ainda, pelas 19h30, que o calor intenso provocado pelas chamas causou alguns danos em viaturas e que as temperaturas elevadas e o vento forte na freguesia estão a dificultar as operações de combate.

O vento que chega de África ajuda a explicar o fogo. Na Madeira, é conhecido por ‘Tempo de Leste’, e pode ocorrer em qualquer altura do ano. O vento sopra forte do Norte de África, trazendo suspensas areias do deserto. As temperaturas sobem e a humidade, normalmente mais elevada, cai a pique. Estas condições ajudam a explicar o facto do incêndio florestal continuar activo, mais de 24 horas depois, na freguesia da Ponta do Pargo, concelho da Calheta. No entanto, a Polícia Judiciária acredita que a origem do incêndio na Ponta do Pargo pode ter sido criminosa. A hora a que o fogo começou, de madrugada, e o local, floresta, estão na base das suspeitas. 

O Governo da Madeira anunciou ainda, ao final da tarde desta terça-feira, que vai “equacionar” a permanência do helicóptero de combate a fogos florestais durante todo o ano na região e não apenas nos meses de Verão, como aconteceu nos últimos dois anos, disse o chefe do executivo. “A nossa ideia é, no futuro, termos o helicóptero todo o ano e era bom que alguém nos ajudasse no pagamento”, afirmou Miguel Albuquerque, na freguesia da Ponta do Pargo, zona oeste da Madeira.

O meio aéreo que operou na Madeira em 2018 e 2019, em quatro meses no período de Verão, foi totalmente pago pelo Orçamento da Região Autónoma, no valor de 1,2 milhões de euros por ano, situação que deverá manter-se também em 2020.