Em visita à Polónia, Macron defende cooperação militar na UE

Presidente francês disse que não é “nem pró-russo, nem anti-russo”, mas sim “pró-europeu”.

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Macron foi recebido pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, em Varsóvia EPA/RADEK PIETRUSZKA

O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi a Varsóvia defender a importância de uma maior cooperação militar na União Europeia, poucos dias depois de o “Brexit” se ter concretizado.

“Serei feliz no dia em que o povo polaco possa dizer ‘no dia em que formos atacados, sei que a Europa poderá proteger-nos’”, declarou Macron ao lado do homólogo polaco, Andrzej Duda. “Nesse dia, o sentido de pertença europeu será indestrutível”, acrescentou.

O discurso forte de Macron de defesa do aprofundamento da integração europeia no sector da defesa é bem-vindo na Polónia, onde a desconfiança face à Rússia é muito elevada, especialmente desde a anexação da Crimeia. A recente aproximação entre Macron e o Presidente russo, Vladimir Putin – que foi recebido em Paris em 2017, numa rara visita de Estado a uma capital ocidental – tem deixado os países de Leste incomodados.

Em Varsóvia, Macron tentou tranquilizar Duda e disse não ser “nem pró-russo, nem anti-russo”. A França é “pró-europeia”, afirmou o Presidente. “A defesa europeia não é uma alternativa à NATO, mas sim um complemento indispensável”, assegurou Macron, que foi muito criticado depois de ter dito que a Aliança Atlântica estava em “morte cerebral”.

Com o “Brexit” ainda a pairar, Duda disse que “o papel da França irá crescer sem dúvidas” após a saída do Reino Unido da União Europeia.

A Polónia tem estado na mira das instituições europeias que acusam o Governo ultra-nacionalista de estar a pôr em causa a autonomia dos tribunais. Para além disso, Varsóvia tem sido um forte opositor a medidas para conter a crise climática, que para França deve ser uma das prioridades da UE.

Para além disso, as relações entre a Polónia e a França também ficaram manchadas depois de o Governo polaco ter cancelado em 2016 a aquisição de um helicóptero do fabricante europeia Airbus no valor de 3,4 mil milhões de dólares (três mil milhões de euros).

“Um recomeço [das relações entre a França e a Polónia] é necessário porque não podia estar pior”, dizia antes da visita o director do Instituto para os Novos Media, Eryk Mistewicz, que diz ter existido “uma espiral de desentendimentos e uma falta de respeito mútuo”.