Cancro: um futuro de esperança na inovação
Os casos de cancro vão continuar a aumentar, mas a boa notícia é que os tratamentos inovadores também. É para que essa esperança se concretize que a Roche trabalha, oferecendo já hoje, aos doentes, o futuro.
Os números da Organização Mundial de Saúde (OMS) não nos deixam fingir que o problema não existe: o cancro é a segunda causa de mortalidade no mundo inteiro, tendo sido responsável por 9,6 milhões de mortes em 2018. Em concreto, nesse ano, uma em cada seis vidas perderam-se devido ao cancro. Em Portugal, as estatísticas acompanham o cenário global, com o cancro a constituir também a segunda causa de morte, o que custou 28 960 vidas em 2018.
Para o futuro, as previsões não são melhores, estimando-se que cerca de 29,5 milhões de novos casos surjam, em 2040, em todo mundo. Estas são as estimativas feitas pela OMS. Facto. Mas quantos destes diagnósticos serão susceptíveis de cura? Quantas destas pessoas poderão ter qualidade de vida assegurada e ver a sua doença tornar-se crónica?
Neste Dia Mundial da Luta Contra o Cancro fomos atrás de indícios de esperança. Fomos procurar factos que nos garantam que a palavra cancro terá um outro significado no futuro. E foi isso precisamente que encontrámos na entrevista que fizemos a Ricardo Encarnação, director médico da Roche Portugal, uma das companhias farmacêuticas que mais tem investido, a nível mundial, no desenvolvimento de medicamentos e meios de diagnóstico inovadores na área do cancro. Segundo o responsável, “o tratamento em Oncologia tem testemunhado uma evolução sem paralelo, onde grandes avanços transformaram vários aspectos dos cuidados de saúde”. Referindo-se especificamente a medicamentos desenvolvidos pela Roche, sublinhou como os tratamentos “evoluíram desde a quimioterapia até aos anticorpos monoclonais e imunoterapia altamente direccionados”. Apontou também as tecnologias mais recentes, como a sequenciação de nova geração ou as biópsias líquidas, que “estão a transformar o diagnóstico do cancro, permitindo uma abordagem cada vez mais personalizada”, concluindo que “estes avanços mudaram o curso natural da doença para milhões de doentes em todo o mundo”.
Mas de que forma é que o prognóstico destes doentes se altera, em concreto, devido às recentes inovações na área oncológica? Ricardo Encarnação explica-o, dando como exemplo os benefícios em cancros que registam elevada incidência em Portugal, como é o caso dos carcinomas da mama e do pulmão, respectivamente o primeiro e o quarto com maior número de novos casos em 2018: “Hoje, 85% das doentes com cancro da mama HER2+ [um subtipo específico de cancro da mama], que não tinham esperança há 20 anos, têm taxas de sobrevivência que vão além de dez anos. Nas doentes com cancro da mama em estádio precoce, o risco de recorrência ao final de três anos é hoje metade do que era no passado.” Já no cancro do pulmão, o médico destaca que “a evolução é igualmente incrível, existindo hoje um conjunto de tratamentos dirigidos a diferentes biomarcadores responsáveis pelo desenvolvimento e progressão da doença”. Por exemplo, “num tipo relativamente raro de cancro de pulmão, o tratamento com um dos nossos medicamentos diminui para menos de metade o risco de progressão da doença, mais do que triplicando o tempo livre de progressão”. E se é verdade que “estes números são impressionantes”, não hesita em salientar que “ainda o são mais quando traduzidos no impacto real que têm nos doentes e suas famílias”.
Uma medicina para cada um
No terreno a lidar diariamente com doentes está Deolinda Pereira, directora do Serviço de Oncologia Médica do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, que não só corrobora os enormes avanços recentes como se mostra optimista em relação ao futuro. Entre os casos em que a inovação veio marcar uma grande diferença, refere não apenas os cancros da mama e do pulmão, mas também o melanoma (o tipo de cancro de pele mais grave), por se tratar de “um tumor que responde mal à quimioterapia e para o qual não havia outras opções terapêuticas, mas que actualmente pode ser tratado com imunoterapia, o que veio alterar a evolução da doença e a sobrevivência dos doentes”.
A “melhor caracterização do tumor de forma a que sejam possíveis cada vez mais terapêuticas personalizadas” é, para Deolinda Pereira, o que podemos esperar do futuro. Mas a verdade é que tal já é uma realidade, esperando-se que seja ampliada nos próximos anos: “É esse o caminho que está a ser feito internacionalmente e é também o que estamos a fazer em Portugal. Cada vez mais, o tratamento deve ser personalizado para se obterem melhores efeitos em termos terapêuticos com menos toxicidade.”
É nesse sentido que os cientistas trabalham, com Ricardo Encarnação a lembrar que através da imunoterapia, isto é, ao utilizar o sistema imunitário do próprio doente para combater o cancro - um tratamento que tem vindo a ser desenvolvido por várias companhias - “a Roche veio trazer esperança e transformar a vida de doentes”. Quanto à medicina personalizada, destaca que “existem opções terapêuticas dirigidas a alterações moleculares específicas, as chamadas terapêuticas-alvo, que se traduzem em resultados clínicos impressionantes quando comparados com os obtidos com uma abordagem terapêutica não personalizada”. Posto isto, sintetiza a dupla missão dos programas de desenvolvimento seguidos na companhia: “Acelerar o conhecimento científico e a descoberta de novos medicamentos e identificar quais os doentes que melhor respondem a cada um desses tratamentos. Esse é um caminho indispensável, particularmente para assegurar que o sistema de saúde é sustentável no futuro.”
Garantir sustentabilidade é crucial
A sustentabilidade dos sistemas é um dos desafios trazidos pelos avanços que se têm verificado na área da Oncologia, também nas palavras de Deolinda Pereira, que aponta ainda questões de acesso: “Um dos problemas que temos tido é alguns atrasos no acesso à inovação. Queremos tratar os doentes segundo o estado da arte, mas também não podemos estar desfasados e temos de pensar na sustentabilidade dos sistemas, porque a inovação implica, de facto, um investimento da ordem dos milhões e temos de ver se o país está preparado para o comportar. De qualquer forma, tem de haver equidade dentro do país e são os governos que têm de definir as políticas na área da saúde, ouvindo os diversos intervenientes.”
Ricardo Encarnação é da mesma opinião ao sustentar que todos os avanços preconizados por companhias como a Roche “apenas cumprirão o seu propósito se o sistema de saúde os conseguir suportar de forma sustentável”. Acredita que a solução para este desafio passa não apenas pela medicina personalizada – que permite identificar os doentes que verdadeiramente beneficiam de determinado tratamento – mas também por “modelos alternativos de financiamento”, pelo “estabelecimento de preços dos medicamentos ajustados ao seu real valor terapêutico” e ainda por “uma prestação de cuidados de saúde articulada, centrada no doente, que reduza redundâncias e ineficiências”. Nestes domínios, admite que o compromisso da Roche é claro: “Temos um papel activo a desempenhar para que o sistema de saúde português seja melhor, mais equitativo e sustentável. Mas esta, tal como a luta contra o cancro, é uma batalha que não conseguimos travar sozinhos.”
Vencer o cancro – uma luta de todos
Perante a perspectiva de que, no futuro, haverá cada vez mais pessoas a viver com um diagnóstico de cancro, Deolinda Pereira reforça exactamente que o trabalho a fazer é colectivo: “A luta contra o cancro é uma luta de todos, das populações, dos profissionais de saúde, dos governos de cada país e também das instâncias europeias.” Especificando, frisa que “tem de haver o envolvimento de todos, a começar pela educação para a saúde da população, iniciando-se logo nas escolas, informando os professores e os alunos para as boas práticas em termos de alimentação e exercício físico para começarmos logo pela prevenção”. Quanto aos governos, constata que “a Oncologia é uma prioridade, os números falam por si”, referindo que “temos profissionais dedicados com uma formação especializada e isso reflecte-se nos nossos resultados de sobrevivências de cancros, pois temos bons indicadores”. Ainda assim, admite que “temos de continuar a fazer formação, a dar condições para um melhor desempenho de todos”. Em relação à Indústria Farmacêutica, reconhece que “é importante que continue o seu trabalho, nomeadamente na área da investigação para haver desenvolvimento de novos fármacos”.
As novidades de amanhã
São várias as novidades promissoras que a Roche espera lançar em breve na área da Oncologia. Ricardo Encarnação enumera algumas, nomeadamente para os doentes com cancro hepatocelular, o tipo de cancro do fígado mais comum em adultos e em relação ao qual “na última década pouca evolução ocorreu em termos de tratamentos oncológicos”. Também os doentes portugueses com cancro do pulmão de pequenas células terão boas notícias, já que a companhia viu aprovado há pouco tempo, na Europa, um tratamento para um grupo de doentes com este carcinoma, “onde não se verificavam avanços terapêuticos significativos nos últimos 20 anos”. Da mesma forma, “foi recentemente aprovado pela Agência Europeia do Medicamento um tratamento que se revela eficaz nos casos de cancro da mama triplo negativo, o tipo mais raro de cancro da mama, mas que ainda assim corresponde a 15% de todos os cancros da mama”.
Como salienta o responsável, “para que estes medicamentos cheguem efectivamente aos doentes há um longo processo de investigação que termina nos ensaios clínicos, fundamentais para avaliar o real benefício para os doentes”. E também aqui a Roche procura antecipar as vantagens para os doentes, oferecendo-lhes já hoje o amanhã, razão por que a companhia tem mais de 60 ensaios clínicos a decorrer no nosso país neste momento, envolvendo mais de 350 doentes em 15 áreas terapêuticas diferentes. “São mais de 25 potenciais novos medicamentos a serem investigados em Portugal, num investimento anual crescente que ronda neste momento 15 milhões de euros”, revela.