Ex-administrador do Grupo Lena nega pagamentos a Sócrates
Joaquim Paulo da Conceição foi ouvido esta quinta-feira durante mais de seis horas. Chegou a ser arguido, mas escapou à acusação e passou a testemunha.
O ex-administrador executivo do Grupo Lena e actual presidente da Comissão Executiva do Grupo NOV, Joaquim Paulo da Conceição, que foi ouvido como testemunha, esta quinta-feira, no âmbito do processo de instrução do Processo Marquês, negou que tivessem sido feitos pagamentos ao antigo primeiro-ministro, José Sócrates, em troca de favorecimentos em eventuais negócios.
Joaquim Paulo Conceição que chegou a ser arguido no processo, tendo escapado à acusação, foi chamado a testemunhar pela defesa das empresas do grupo, nomeadamente a Lena Engenharia e Construções, que é arguida no processo. Foi ouvido durante mais de seis horas.
De acordo com a acusação Carlos Santos Silva, empresário e amigo de Sócrates, terá recebido nas suas contas na Suíça — que os investigadores acreditam pertencer, na verdade, a Sócrates — mais de seis milhões de euros, na sua maioria pagos por Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena.
Neste esquema terão entrado mais duas empresas a XLM e a XMI.
O Ministério Público (MP) acredita que esta empresa foi constituída pelo empresário Carlos Santos Silva, com a intenção de permitir justificar a saída de fundos destinados a José Sócrates, provenientes do grupo Lena e de outras fontes, com a emissão de facturas que não teriam qualquer correspondência com serviços prestados.
A XMI - Management & Investments, SA era representada pelo presidente da holding do grupo Lena é detida por Joaquim Barroca Rodrigues, o irmão António e Carlos Santos Silva.
Segundo o Ministério Público, esta sociedade terá sido criada com a finalidade de gerar facturas que servissem de fachada para justificar o pagamento de pretensas prestações de serviços a Santos Silva, montantes que seriam na realidade o pagamento de alegadas “luvas” a Sócrates.
Para Fevereiro ficou marcada a audição do ex-administrador do Grupo Lena, Joaquim Barroca, um dos arguidos na Operação Marquês.
Joaquim Barroca está acusado de corrupção activa de titular de cargo político, corrupção activa, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.
Sobre si recaem suspeitas de receber “benefícios comerciais” e, em troca, de fazer pagamentos suspeitos a Carlos Santos Silva, amigo de longa data do antigo primeiro-ministro José Sócrates.
A convicção do MP é que Carlos Santos Silva e Joaquim Barroca aceitaram participar num esquema para ocultar a origem e a propriedade dos fundos de José Sócrates, tendo concordado em abrir contas para a passagem de fundos, junto do banco suíço UBS.
O início do debate instrutório, que finaliza a fase de instrução da Operação Marquês e que decidirá quem vai ou não a julgamento, está marcado para Março.