Parlamento alemão levanta imunidade a uma das principais figuras da AfD

Alexander Gauland, líder parlamentar do partido de direita radical, está a ser investigado por evasão fiscal.

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Reuters/Fabian Bimmer

O Parlamento alemão votou esta quinta-feira para levantar a imunidade parlamentar de uma das principais figuras do partido de direita radical Alternativa para a Alemanha, Alexander Gauland, investigado por evasão fiscal.

Gauland, 78 anos, foi até há pouco tempo um dos líderes do partido e é ainda o líder da bancada parlamentar da AfD, partido que anda na corda bamba entre a extrema-direita e a direita radical (uma das suas alas regionais, na Turíngia, é vigiada pelos serviços de informação interna alemães por potencial perigo para o Estado democrático, mas o partido a nível nacional não, e por isso não é, pelo menos ainda, considerado extremista).

Os deputados aprovaram o pedido de levantamento de imunidade para permitir buscas ordenadas por um tribunal, e em Frankfurt, procuradores do Ministério Público disseram que iriam levar a cabo buscas em propriedades do político. Pouco depois, a polícia entrava na casa de Gauland em Potsdam.

Este caso não parece estar ligado a alegações recentes de financiamento ilegal do partido, mas sim com as finanças pessoais de Gauland, diz a revista Der Spiegel. A AfD foi multada, em Abril passado, em mais de 400 mil euros por ter recebido financiamento ilegal durante as eleições regionais.

Alexander Gauland, que antes pertenceu à União Democrata-Cristã (CDU), de Angela Merkel, foi, em 2013, um dos fundadores da AfD, na altura constituída como partido contra os programas de resgate (empréstimos) de países do euro em crise e cuja figura de proa era o professor de Economia Bernd Lucke.

Tornou-se mais relevante quando o partido começou a ser mais xenófobo, e em 2017 ocupou a liderança com Alice Weidel. Gauland declarou, durante a campanha para as últimas legislativas, que os alemães deviam poder ter orgulho nos soldados da Wehrmacht (o exército regular, que foi também culpado de crimes de guerra). Também disse que o regime nazi foi “uma caganita de pássaro” em “mais de mil anos de história de sucesso da Alemanha”.

 Esta semana, Gauland foi criticado por parecer dormitar no Parlamento durante um discurso do Presidente de Israel, Reuven Rivlin, marcando os 75 anos sobre a libertação do campo de concentração e extermínio de Auschwitz.

Na semana passada, surgiu ainda outro potencial problema para o partido. Soube-se que Stephen Ernst, o homem que, em Junho de 2019, assassinou o político da CDU Walter Lübke, tinha feito campanha pela AfD, participando em distribuições de cartazes no estado federado do Hesse no ano anterior ao crime. Até agora sabia-se que Ernst tinha participado em alguns comícios ou marchas organizadas pela AfD, mas não havia prova de uma ligação directa ao partido. 

Esta semana foi ainda marcada pela demissão de uma deputada, Verena Hartmann, do partido. Hartmann, que vinha a ser crítica da ala de Bjorn Höcke na Turíngia, disse que iria continuar no Parlamento como independente.

É a quinta demissão dentro do grupo parlamentar da AfD desde que entrou pela primeira vez no Bundestag, em 2017: a primeira saída foi logo da antiga líder, Frauke Petry, que o anunciou com grande estrondo no primeiro dia após as eleições. De 94 deputados eleitos, o grupo parlamentar passou a 89. 

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