Livre volta a discutir na segunda-feira a retirada de confiança a Joacine

Depois de um congresso tenso, a decisão de retirada de confiança política transitou para os órgãos eleitos, que agendaram uma assembleia extraordinária. O objectivo é dar seguimento ao processo com a maior urgência possível.

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Joacine Katar Moreira diz que está disposta a fazer cedências, mas o "divórcio" deverá ser inevitável Daniel Rocha

A nova assembleia do Livre, eleita no IX congresso no passado fim-de-semana, já marcou a reunião extraordinária para decidir se avançará ou não com a retirada de confiança política à deputada única Joacine Katar Moreira. O encontro acontece na próxima segunda-feira à noite, confirmou ao PÚBLICO fonte do Livre.

A assembleia do Livre, composta por 43 membros eleitos, analisará também o direito de resposta entregue pela deputada no congresso, mas o partido parece determinado em abdicar da sua representação parlamentar – conseguida na segunda candidatura às legislativas – e começar de novo, alterando o modelo das primárias que elegeu Joacine Katar Moreira como candidata por Lisboa.

Dos 43 membros eleitos para a assembleia do Livre a maioria transita dos antigos órgãos internos do partido, o que tornará o cenário de retirada de confiança política o mais provável. Sabe-se que 27 membros são reconduzidos, integravam a assembleia anterior (que aprovou por unanimidade a resolução para retirada de confiança política), ou chegam da direcção e conselho de jurisdição, dois órgãos com um historial de conflitos com a deputada única eleita.

Ainda assim, Joacine Katar Moreira poderá ter alguma margem, graças aos novos membros eleitos e entre os quais se contam alguns defensores da deputada eleita.

Recorde-se que no final do congresso, Joacine Katar Moreira afirmou que estava disposta a fazer “cedências” – sem concretizar quais -, mas esta sexta-feira, no Parlamento, a deputada defendeu a atribuição de mais direitos para os deputados não-inscritos, uma posição que assumirá, se lhe for retirada a confiança politica por parte do Livre.

O vice-presidente da Assembleia da República e dirigente do Bloco de Esquerda José Manuel Pureza não deixou escapar o momento e pôs o hemiciclo a rir quando, logo a seguir, perguntou: “Isso é uma antecipação de alguma coisa, senhora deputada?”. Joacine respondeu que não se tratava de nenhuma antecipação, mas reconheceu que: “é uma hipótese”.

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A deputada única já garantiu que não irá renunciar ao mandato Daniel Rocha

Do lado da direcção, o cepticismo é muito e assumido. Para os membros do grupo de contacto, ultrapassar as divergências e os problemas de comunicação com a deputada exigirá um “milagre”. E para já, nada indica que durante a última semana tenham existido sinais disso, até para os mais crentes.

À saída do IX congresso, o fundador do Livre, Rui Tavares, mostrou-se solidário com a direcção e os membros reeleitos e defendeu que a escolha do partido foi pela “continuidade” dos seus valores e princípios, que não têm sido - consideram - reconhecidos na sua representação parlamentar. Face à incapacidade de coordenação da deputada com o partido que a elegeu, Rui Tavares rematou com a mensagem de que “um partido pode viver sem uma pessoa, mas não sem princípios”.

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