Número de mortos por novo coronavírus sobe para 26. Há pelo menos 840 infectados
Pelo menos dez cidades da província de Hubei, com uma população de 60 milhões e cuja capital é Wuhan, decretaram quarentena e impuseram restrições de movimentação — sendo que muitas cidades suspenderam completamente os serviços de transporte. Wuhan constrói hospital para tratar infectados.
O número de mortos na China devido ao surto de coronavírus detectado na cidade de Wuhan, no centro do país, subiu para 26. Os casos confirmados aumentaram também para 830 só na China, revelou esta sexta-feira a Comissão Nacional de Saúde. De acordo com as autoridades chinesas, há 1072 casos suspeitos.
A última morte confirmada aconteceu perto da fronteira com a Rússia, em Heilongjiang (no nordeste do país), disseram autoridades locais à agência de notícias France-Presse sem fornecerem mais detalhes. Esta província está localizada a mais de 1800 quilómetros da cidade de Wuhan, onde se pensa que este vírus possa ter originado.
Ao longo de quinta-feira foram conhecidas mais mortes fora da província de Hubei. Em Hebei, uma província que faz fronteira com Pequim, a comissão de saúde local disse que um homem de 80 anos morreu após regressar de uma estadia de dois meses em Wuhan.
Os casos confirmados e suspeitas de infecção multiplicam-se em vários pontos do globo:
- Taiwan (três casos confirmados),
- Tailândia (quatro casos),
- Japão (dois casos),
- Coreia do Sul (dois casos),
- EUA (dois casos),
- Singapura (três casos),
- Vietname (pelo menos um caso).
No Reino Unido 14 pessoas foram submetidas a exames médicos por suspeita de infecção com o novo coronavírus. Em cinco dos cidadãos não foi detectada a presença do vírus, os restantes nove ainda aguardam pelos resultados.
De acordo com fonte do Ministério da Saúde espanhol, duas pessoas estão neste momento a ser submetidas a exames em Espanha por suspeita de infecção com o novo coronavírus. Ambos os cidadãos voltaram recentemente ao país depois de uma viagem à China. Autoridades garantem que os resultados serão conhecidos daqui a 24 horas, apesar de “não haver sinal de que sejam positivos”.
Cidades sem transportes e início das aulas adiado em Macau
Um pouco por todo o país estão a ser tomadas medidas para se conter a propagação deste coronavírus, chamado 2019-nCoV, a apenas alguns dias da celebração do Ano Novo chinês. Vários eventos de Ano Novo foram cancelados, incluindo em Macau.
Pelo menos dez cidades da província de Hubei, com uma população de 60 milhões e cuja capital é Wuhan, decretaram quarentena e impuseram restrições de movimentação — sendo que muitas cidades suspenderam completamente os serviços de transporte. Em Wuhan, por exemplo, não há serviço de autocarro, metro ou barco e foram cancelados todos os aviões e comboios com destino a outras cidades.
Em Xangai, o resort da Disney fechou temporariamente como “resposta ao surto”, afirmou a cadeia em comunicado. Em Pequim, a Cidade Proibida também está fechada.
Macau anunciou nesta sexta-feira a suspensão de serviços, o encerramento de espaços culturais e desportivos, bem com o adiamento do regresso às aulas até Fevereiro, pelo menos. Todas as competições escolares e actividades foram suspensas ou canceladas. Alguns museus ficarão fechados a partir de sábado e sem data de abertura. Na quinta-feira, o chefe do Governo de Macau admitiu também que os casinos do território, capital mundial do jogo, podem ser obrigados a fechar caso a situação de contágio se agravar no território.
A agência de notação financeira Fitchs Ratings já avisou que o agravamento da epidemia do coronavírus chinês de Wuhan pode expor as economias de Macau e de Hong Kong, com perspectivas negativas: “Se o surto viral de Wuhan aumentar acentuadamente, acreditamos que os efeitos macroeconómicos seriam inicialmente os mais sentidos na Ásia, onde o vírus teve origem. A actividade do sector de serviços, particularmente em áreas associadas ao turismo, seria a mais vulnerável, o que poderia deixar expostas economias como Tailândia, Vietname e Singapura, além de Hong Kong e Macau, ambas já com perspectivas negativas”, defendeu a Fitch num comunicado enviado à agência Lusa.
Wuhan constrói hospital
A região metropolitana de Wuhan está a construir um hospital de 25.000 metros quadrados para acolher pacientes do surto, escreve a BBC. O hospital especial preparado para para acomodar 1000 camas, com abertura prevista para 3 de Fevereiro, reúne recursos médicos para fornecer tratamento isolado e eficiente para pacientes infectados, de acordo com a agência de notícias estatal chinesa Xinhua. Os pacientes com coronavírus estão a ser tratados em vários hospitais e em 61 clínicas em Wuhan, informou a mesma agência.
Para combater este novo surto, a China criou ainda uma equipa nacional de pesquisa de 14 especialistas para ajudar a prevenir e controlar o mais recente surto de coronavírus na China, anunciou esta sexta-feira o Ministério da Ciência e Tecnologia, citado pela agência Lusa. A equipa de investigação de antivírus faz parte do projecto de ciência e tecnologia de emergência do Ministério, que foi lançado em conjunto com a Comissão Nacional de Saúde e outros departamentos. Segundo a Xinhua, o projecto serve para dar suporte científico em matérias rastreamento de vírus, transmissão, métodos de detecção, evolução do genoma e desenvolvimento de vacinas.
No tratamento e controlo da SARS, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave, que se espalhou rapidamente no continente chinês entre 2002 e 2003, Pequim construiu o Hospital Xiaotangshan, um centro médico temporário no subúrbio norte da cidade. Em 2003, o Hospital Xiaotangshan foi construído em sete dias. O hospital admitiu um sétimo dos pacientes com SARS no país em dois meses.
Os mais de 800 casos registados têm alimentado receios sobre uma potencial epidemia semelhante à da pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.
Os primeiros casos do vírus “2019 – nCoV” apareceram em meados de Dezembro na cidade chinesa de Wuhan, capital e maior cidade da província de Hubei, quando começaram a chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral. Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, incluindo falta de ar