Ilha Kangaroo
Área ardida em todo o ano de 2019
Montanha Gospers
Morton
Carrai
Kosciusko
Guy Fawkes River
Sydney
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Brisbane
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Melbourne
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AUSTRÁLIA OCIDENTAL
TERRITÓRIO DO NORTE
AUSTRÁLIA MERIDIONAL
QUEENSLAND
NOVA GALES DO SUL
VITÓRIA
TASMÂNIA
Camberra
O que se perdeu até agora?
Perdas humanas
Além da área ardida, os incêndios na Austrália deixaram outras cicatrizes profundas, incluindo perdas humanas: morreram 29 pessoas e há centenas de feridos e milhares de pessoas que ficaram desalojadas ou que foram obrigadas a sair das suas casas.
Habitats destruídos, animais em risco
A Austrália é um país de biodiversidade. Ainda não se sabe ao certo a verdadeira dimensão da perda no mundo animal e em toda a fauna – sabe-se que muitos animais perderam os seus habitats e são milhões os que podem ter morrido. Para já, são apenas estimativas: pensa-se que 500 milhões de animais foram afectados pelos incêndios só no estado australiano da Nova Gales do Sul, presumindo-se que tenham morrido milhões. Em todo o país, podem ser mil milhões de animais afectados pelas chamas, segundo ecologistas da Universidade de Sydney. (incluindo 30% da população de coalas, que não ficam em perigo de extinção porque há muitos por todo o país; outras espécies mais “de nicho” poderão estar vulneráveis).
Algumas das espécies que mais preocupam os especialistas:
Wallaby
São marsupiais parecidos com os cangurus e vivem sobretudo na Austrália. São herbívoros, vivem cerca de nove anos e medem entre 30 centímetros e um metro.
Cacatua-preta-brilhante
A cacatua-preta-brilhante é uma das espécies mais ameaçadas na Austrália – a perda de habitats é uma das maiores preocupações, agora agravada pelos incêndios.
Dunnart-da-ilha-de-kangaroo
O Dunnart-da-ilha-kangaroo é um pequeno marsupial que só pode ser encontrado na Ilha de Kangaroo, sobretudo na zona Oeste, devastada pelas chamas. Os fogos são uma das maiores ameaças para esta espécie.
Coala
Pensa-se que milhares destes mamíferos marsupiais tenham morrido nestes fogos, mas muitos vivem noutras partes do país e não foram afectados. Os incêndios florestais e destruição do habitat são das principais ameaças para os coalas.
Rato-do-rio-hastings
Este pequeno roedor (um adulto chega aos 95 gramas) vive em zonas florestais densas e está em perigo de extinção. Só existe na Austrália.
Regent honeyeater A ave Anthochaera phrygia é uma espécie típica da Austrália que está em perigo crítico de extinção. É uma ave de porte médio com penas pretas e amarelas.
Greater glider O pequeno marsupial peludo Petauroides volans é endémico da costa Este da Austrália. São altamente dependentes das florestas, daí que os incêndios sejam um dos principais factores de risco.
Fogos são mais uma ameaça para espécies em perigo
Além da área ardida, os incêndios na Austrália deixaram outras cicatrizes profundas, incluindo perdas humanas: morreram 29 pessoas e há centenas de feridos e milhares de pessoas que ficaram desalojadas ou que foram obrigadas a sair das suas casas. Percentagem do habitat em zonas de fogo
Onde há fumo, há poluição
Até 6 de Janeiro, foram emitidos 370 milhões de toneladas de dióxido de carbono (segundo os satélites do programa europeu Copérnico). Há cidades cobertas de fumo e os níveis de poluição atmosféricas estão altos – tão altos quanto estiveram nos incêndios da Amazónia.
A cidade de Sydney – uma das mais populosas – esteve debaixo de um manto de fumo durante semanas, tendo a qualidade do ar atingido níveis “de perigo” em algumas ocasiões; o mesmo aconteceu no estado de Vitória. Segundo as autoridades médicas, isto fez com que houvesse mais 10% de pessoas assistidas em hospitais do que é normal, assim como centenas de pessoas assistidas por paramédicos devido a problemas respiratórios. O fumo e a má qualidade do ar obrigaram a suspender os treinos do Open da Austrália de ténis.
Índice de aerossóis na atmosfera
REUTERS/Tracey Nearmy
Quais as causas?
“A tempestade perfeita”
O clima quente e seco faz com que todos os anos haja fogos na Austrália. Ainda que as alterações climáticas sejam uma parte importante da equação, contribuindo para as condições extremas que levam a que estes incêndios sejam frequentes e recorrentes, neste caso houve uma “tempestade perfeita”: 2019 foi o ano mais quente e mais seco desde 1910; há ventos fortes e trovoada que facilitam as ignições de fogos nas florestas secas; e não se pode descartar a mão humana — na Nova Gales do Sul, 24 pessoas foram detidas por fogo posto.
Clima quente
Cenário de seca e pouca chuva que dura há três anos
Alterações climáticas
Vento forte
Trovoada
Downbursts
Fontes de ignição (incluindo mão humana)
Tempo mais quente e seco
1910 - 1919
1920 - 2009
2010 - 2019
Temperatura média anual nos últimos cinco anos
Anomalia da temperatura média anual face ao período 1961-1990, em °C
2015
2016
2017
2018
2019
Precipitação média anual
2015
2016
2017
2018
2019
ESA HANDOUT
As cicatrizes dos fogos na ilha de Kangaroo
A ilha de Kangaroo é a terceira maior ilha da Austrália, depois da Tasmânia e da ilha de Melville, e é considerada “um refúgio da biodiversidade”. Chegou a ser comparada à Arca de Noé pela quantidade de espécies de fauna e flora que perduram nos seus 4405 km2: tem cerca de 150 espécies nativas da Austrália, como o leão-marinho-australiano, os cangurus específicos desta ilha, os opossuns ou os mais de 260 tipos de aves. Na parte ocidental da ilha estão colónias de pinguins, mais especificamente no Parque Nacional de Flinders Chase, onde se pode também encontrar uma colónia de abelhas-da-ligúria – que se pensa serem as últimas existentes em todo o mundo. Grande parte da área florestal desta ilha é composta por eucalipto e, segundo um novo balanço, cerca de 48% da ilha foi afectada por estes incêndios.
Ardeu uma área equivalente a 75% do distrito de Lisboa, em km²
Na imagem podemos comparar o antes e o depois dos incêndios