Centro para estudar envelhecimento começa a trabalhar este ano em Coimbra
Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento terá edifício construído de raiz no Pólo III da Universidade de Coimbra.
O Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (MIA, na sigla em inglês) deve começar a trabalhar este ano, em Coimbra, ainda que o edifício que lhe servirá de base apenas esteja finalizado no final de 2022. As previsões foram avançadas nesta terça-feira, pelo coordenador do projecto, Rodrigo Cunha, no final da sessão de apresentação do centro de investigação que pretende influenciar “novas políticas que permitam a inserção óptima de pessoas idosas na sociedade”, através de “novas estratégias terapêuticas ou novas orientações em termos de estilo de vida”.
Rodrigo Cunha estima que, num prazo de três a cinco anos, começarão a ser visíveis “os primeiros resultados aplicáveis” da actividade do MIA, um projecto com apoio da Comissão Europeia e cujo investimento está avaliado em 50 milhões de euros nos próximos seis anos.
Mas primeiro é preciso definir a equipa de investigadores. Os concursos para os dois primeiros grupos de investigação deverão ser lançados até ao fim de Janeiro, começando a trabalhar entre Julho e Setembro, apontou o coordenador.
Um edifício sede, com seis pisos e cerca de 24 mil metros quadrados, será construído de raiz no Pólo III da Universidade de Coimbra, onde estão já as faculdades de Medicina e Farmácia e nas imediações dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
De acordo com o reitor da Universidade de Coimbra (UC), Amílcar Falcão, o UC Biomed – nome dado ao edifício – deverá estar concluído no final de 2022, com o início da construção a ser apontado para o final de 2020. Até lá, explica Rodrigo Cunha, os investigadores do MIA serão distribuídos pelos numerosos institutos da Universidade de Coimbra (UC).
Quando a sede do instituto estiver a funcionar, pode verificar-se uma inversão de papéis, assinala Amílcar Falcão, quando refere que a dimensão do UC Biomed será “superior às próprias necessidades que o MIA tem”. Assim, o edifício terá capacidade para receber equipas de “outros centros de investigação, como o Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), o Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra (iCBR) e, eventualmente, parcerias com empresas farmacêuticas”, afirma o reitor da UC.
Também presente na sessão de apresentação esteve a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que, nas funções anteriores, enquanto presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro (CCDRC), desempenhou um papel activo na captação de financiamento europeu do projecto. Abrunhosa sublinhou que Portugal é dos países com população mais envelhecida e que, enquanto sociedade, “não podemos excluir” as pessoas que vivem mais anos, “nem pensar que são um peso”. E se vivemos mais, “isso nem sempre significa que vivamos melhor”. E acrescentou: “Só somos um país desenvolvido se pusermos ciência nos problemas. Não basta pôr dinheiro.”
O MIA tem como grande objectivo “identificar as bases biológicas, moleculares e celulares do envelhecimento”, especifica Rodrigo Cunha. E se já conseguimos viver mais tempo, “agora precisamos de viver melhor”, sustenta o também professor catedrático da Faculdade de Medicina da UC. “Para viver melhor é necessário evitar as doenças associadas ao envelhecimento e é preciso saber quais são os mecanismos moleculares que estão na base destes processos de deterioração”, afirma. Daí que o instituto se proponha a desenvolver “novas estratégias terapêuticas, novos estilos de vida ou algum tipo de artifício” que permitam combater os efeitos gerados pelo envelhecimento.
Na sessão de apresentação do projecto lançado pela CCDRC, pela UC, e pelo Instituto Pedro Nunes, com a parceria internacional da Universidade de Newcastle, da Universidade de Copenhaga, do Centro Médico-Universitário de Groningen e da Mayo Clinic, estiveram também presentes o presidente da CCDRC, António Veiga Simão, e o representante da direcção-geral de Investigação e Inovação da Comissão Europeia, João Albuquerque.