Autoridades suspendem medicamento por risco de cancro de pele
Infarmed replica o alerta e as recomendações da Agência Europeia do Medicamento: médicos devem parar de receitar este medicamento e doentes devem estar atentos a alterações invulgares na pele.
A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa) recomendou a suspensão da utilização do medicamento Picato, um gel usado para o tratamento de lesões de pele associadas à exposição solar, por suspeita de estar associado a um aumento de risco de cancro de pele. Em comunicado, a Autoridade Nacional do Medicamento - Infarmed replica o alerta e as recomendações da agência europeia: os médicos devem parar de receitar este medicamento e os doentes devem estar atentos a alterações invulgares na pele.
Num alerta divulgado na última sexta-feira, o Infarmed diz que a EMA “recomenda a suspensão da utilização do medicamento”, cuja substância activa é o mebutato de ingenol, “como medida preventiva de protecção da saúde pública, enquanto decorre a revisão do risco de cancro de pele”. O fármaco está indicado para o tratamento cutâneo de queratose actínica não-hiperqueratósica e não-hipertrófica em adultos. São lesões na pele associadas à exposição solar com potencial de se transformarem em lesões cancerígenas.
Este medicamento teve autorização de comercialização por parte da EMA em Novembro de 2012. Em Portugal, uma embalagem custa cerca de 52 euros com a aplicação da comparticipação de 37%.
O Infarmed explica, no comunicado, que o Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância da agência europeia “está actualmente a rever os dados sobre cancro de pele em doentes que usam Picato, tendo verificado uma maior ocorrência de cancro de pele em doentes em tratamento com este medicamento comparativamente a outro medicamento para queratose actínica”.
Esta entidade recomendou, enquanto decorre a avaliação, que se suspenda a autorização de introdução no mercado “como medida de precaução”. Na mesma nota dá-se conta que existem tratamentos alternativos.
A EMA e o Infarmed recomendam aos médicos que “devem parar de prescrever Picato e considerar diferentes opções de tratamento”. Assim como “devem aconselhar os doentes a estarem atentos ao desenvolvimento de lesões na pele e procurar assistência médica imediatamente após a detecção”.
E fazem recomendações aos doentes no mesmo sentido: “Devem deixar de usar Picato para o tratamento da queratose actínica e falar com o médico assistente para identificação de um tratamento alternativo” e “caso verifiquem a existência de alterações ou crescimentos invulgares na pele, devem procurar assistência médica imediatamente”.
As duas agências do medicamento afirmam que irão continuar a acompanhar este assunto e que darão nova informação quando estiver concluída a revisão de segurança.