Era uma vez o teatro que pôs “os intérpretes a enfrentar o público”
Em Lisboa para uma conferência no Teatro do Bairro Alto, o académico e performer Mike Pearson recordou a história do Mickery Theater, sala holandesa que revolucionou a cena europeia e introduziu a black box no continente.
Foi um palco fundamental para a experimentação do teatro europeu e um ponto de passagem obrigatório para companhias nova-iorquinas como La MaMa, Mabou Mines e Wooster Group, mas também um lugar-chave para a afirmação da vanguarda europeia. Entre 1965 e 1990, sob a direcção de Ritsaert ten Cate (1935-2008), o Mickery Theater estabeleceu-se como um espaço de reconfiguração radical, provocatória e confrontacional do teatro e da performance – um espaço em que o papel do público foi liminarmente posto à prova. Foi na segunda sede do Mickery, em Amesterdão, que se criou aquela que terá sido, alegadamente, a primeira black box da Europa. E foi ali que se apresentaram regularmente colectivos como Pip Simmons Group ou Tenjo Sajiki, que deram alguns dos seus primeiros passos Jan Fabre e Jan Lauwers, que se mostraram Robert Wilson, Mike Figgis, Peter Sellars e Marina Abramovic.
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