Braga: Ao lado do INL, vai surgir um “ícone” para aproximar ciência e população
Com um formato de esfera espelhada, o Sense é um edifício que o Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia pretende ver construído até ao final de 2022. O objectivo é utilizá-lo para divulgar a investigação científica aí desenvolvida.
Até ao final de 2022, vai nascer junto ao Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL, na sigla inglesa por que é habitualmente designado) um novo edifício, que visa promover junto da população a ciência ali desenvolvida. Pelo menos, esse é o objectivo do centro de investigação sediado em Braga, revelou esta quarta-feira o director de comunicação do INL, Jorge Fiens, numa entrevista ao programa Campus Verbal, da Rádio Universitária do Minho (RUM). “O edifício que será um marco, não só da cidade, mas também do país, gostaríamos muito que estivesse pronto daqui a dois anos”, disse.
A nova infra-estrutura, baptizada de Sense, será bio-sustentável, assemelhando-se a uma esfera espelhada com um padrão de rede hexagonal em volta, segundo as imagens já disponíveis. A sua função será a de divulgar ao público em geral, independentemente da área de formação ou da idade, os projectos ali criados, estejam eles relacionados com inteligência artificial, saúde ou alimentação, frisou o responsável, contactado pelo PÚBLICO. “É pretensioso dizer que vamos ensinar as pessoas, mas queremos mantê-las informadas sobre o que fazemos”, disse.
Apesar do custo estimado não poder ser ainda divulgado, admitiu Jorge Fiens, o projecto quer ainda colmatar a falta de espaço para a divulgação científica – no edifício em funcionamento, trabalham cerca de 400 pessoas, incluindo-se nesse lote investigadores oriundos de cerca de 40 países, dos Estados Unidos à China.
Convicto de que a ciência tem de estar “cada vez mais presente nas tomadas de decisão dos cidadãos”, até para se combaterem alguns “movimentos globais que a questionam”, o responsável lembrou que o INL vai, no último trimestre de 2019, realizar pela terceira vez o Dia Aberto, iniciativa onde a população pode circular o laboratório e conhecer os investigadores. Para Julho, está prevista a Escola de Verão, uma iniciativa inédita, que vai receber alunos do Ensino Secundário de todo o país para aprenderem computação quântica durante uma semana.
Neutralidade carbónica na estratégia para a década
As alterações climáticas fazem também parte da agenda do INL para a próxima década, algo visível na INL Summit deste ano, que vai decorrer em 24 e 25 de Março sob o tema “Neutralidade Carbónica em 2030”, revelou Jorge Fiens, durante a entrevista. Entre 2020 e 2030, a estratégia do laboratório inaugurado em 2009, por iniciativa dos governos de Portugal e de Espanha, incide em seis áreas de investigação, todas elas enquadradas nos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030: ambiente, energia, alimentação, investigação em sensores, tecnologias de comunicação e informação e ainda tecnologias futuras e emergentes – computação quântica, por exemplo.
Com o físico Lars Montelius como director-geral, o INL é um dos três laboratórios no mundo com estatuto internacional – os outros são o CERN, acelerador de partículas na fronteira franco-suíça, e o Laboratório Europeu de Biologia Molecular (Heidelberg, Alemanha) – e conta com 25 equipas de investigação que se dedicam, entre outras coisas, à criação de alimentos específicos para idosos ou diabéticos e à busca de soluções para o tratamento do cancro.