UE desencadeia mecanismo por não cumprimento de acordo nuclear pelo Irão
Responsáveis sublinham que não querem sanções nem juntar-se à campanha de “pressão máxima” de Donald Trump.
As violações iranianas do acordo sobre o seu programa nuclear levaram França, Reino Unido e Alemanha a confirmar esta terça-feira que accionaram o mecanismo de disputa previsto em caso de não-cumprimento, mas sublinharam que não vão juntar-se à campanha de “pressão máxima” do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Foi quando Trump retirou os EUA do acordo e voltou a impor sanções que o Irão anunciou que não iria observar todas as restrições previstas no acordo, por exemplo em relação ao enriquecimento de urânio, a parte mais sensível porque faz a diferença entre um programa atómico com fins civis e um com objectivo de obter uma arma atómica.
“Não aceitamos o argumento de que o Irão tem o direito de reduzir o cumprimento dos termos do acordo”, disseram os três países num comunicado conjunto, acrescentando que não tiveram outra escolha que não iniciar o processo, que poderá acabar por levar a sanções das Nações Unidas.
Mas o anúncio do accionamento de mecanismo de disputa não tem o objectivo de voltar às sanções, sublinhou também também Josep Borrell, o alto representante da diplomacia da UE. Para estas acontecerem são precisos vários passos de um processo que acaba com uma votação no Conselho de Segurança da ONU.
“Em vez de reverter o curso, o Irão escolheu continuar a diminuir o comprimento” das condições do acordo, sublinharam os três países. Como esperado, o regime iraniano anunciou há dias que vai aumentar o grau de enriquecimento de urânio – mas alguns peritos notam que a um grau menor do que o que se poderia antecipar, dado que os EUA tinham decidido assassinar o seu poderoso comandante militar e de facto número dois do regime, Qassem Soleimani, e uma das retaliações poderia ser um salto no avanço do programa nuclear.
Enquanto isso, pela primeira vez o primeiro-ministro britânico quebrou a unidade que vinha a existir em relação ao apoio ao acordo, negociado pelo antigo Presidente Barack Obama e criticado por Trump. Para Boris Johnson, se o acordo não está a resultar, o importante era substituí-lo por outro, negociado por Trump.
Para Johnson, tem de haver um modo de impedir que Teerão chegue a ter armas atómicas. “Se vamos ver-nos livres dele [do acordo anterior], precisamos de algo que o substitua”, disse à emissora britânica BBC.
Os EUA têm-se afirmado dispostos a negociar, mas Teerão diz que a oferta não é sincera e exige o levantamento de algumas sanções para começar a dialogar.
Os três europeus sublinham que esta acção pretende “preservar o acordo”. “Tendo em conta os acontecimentos recentes, é muito importante que não juntemos uma crise de proliferação nuclear à escalada actual em toda a região”.
O difícil é que os EUA, além das suas sanções, ameaçaram empresas que decidam investir com o Irão com restrições a operar nos EUA, levando a maioria das empresas a desistir de investir no Irão