Rio ganha mas é forçado a segunda volta

PSD ficou dividido entre o actual líder do PSD e Luís Montenegro. Miguel Pinto Luz está fora. Sociais-democratas voltam às urnas no próximo sábado.

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A realização de uma segunda volta das eleições directas do PSD, entre Rui Rio e Luís Montenegro, foi à pele. O actual líder do partido atingiu os 49%. Na sede de candidatura do antigo líder parlamentar do PSD, em Lisboa, os apoiantes de Montenegro respiraram de alívio, depois de ao princípio da noite eleitoral se ter admitido a vitória de Rui Rio logo no primeiro round. Montenegro ficou com 41% e Miguel Pinto Luz obteve 9% .

Se tivesse obtido menos 345 votos seria a morte política do ex-líder parlamentar, admitiram fontes sociais-democratas. Agora, a segunda volta pode ser difícil ou mesmo impossível para Luís Montenegro. Dos 40 mil militantes do PSD votaram 31211 e Rui Rio teve 15261, Luís Montenegro 12733 e Miguel Pinto Luz 2863. Registaram-se 216 brancos e 138 nulos.

No site do PSD dedicado a divulgar os resultados, o actual líder começou a noite com 50% e depois desceu para os 49,6%. Ao longo de quase toda a noite, a sala do hotel reservada para a candidatura de Luís Montenegro esteve vazia e com um ambiente pesado. Os apoiantes mais próximos que estiveram na sala mostravam preocupação e admitiam até que o actual presidente do PSD saísse vencedor à primeira volta. 

Quando Rui Rio chegou ao Hotel Sheraton, no Porto, onde instalou o seu quartel-general, por volta das 21h30, ainda não sabia que tinha vencido as eleições no difícil distrito de Aveiro, ao qual pertence Luís Montenegro. A vitória no Porto começava a desenhar-se, mas Rio pedia calma aos jornalistas à chegada ao hotel. A notícia de que o presidente do partido tinha vencido em Aveiro havia sido revelada momentos antes por Salvador Malheiro, vice-presidente do partido e líder da distrital local. Bem mais cedo tinha chegado o secretário-geral, José Silvano.

“Disseram-me que está a correr bem, mas não sei resultados. Vocês sabem que comigo as coisas vão com calma”, declarou Rui Rio, que pouco depois subia ao 12.º andar para se juntar ao seu staff para preparar a sua intervenção, que veio a acontecer depois de Miguel Pinto Luz e de Luís Montenegro falarem.

A partir daí, a equipa de Rio começou a acreditar que, afinal, a noite eleitoral poderia ter um sabor a vitória. Mas nada de euforias. Os seus apoiantes, que chegavam a conta-gotas, começaram a acreditar se seria possível que o ex-presidente da Câmara do Porto pudesse ter um resultado confortável perante a derrota de Luís Montenegro em Lisboa. E ganhar alguma alavancagem para uma segunda volta das directas. A direcção nacional do partido chegou a acreditar que Rio podia ganhar à primeira volta, mas pelas 22h30, as expectativas baixaram um pouco. “Com este resultado, Rui Rio abre as portas para uma possível vitória no próximo sábado”, comentava-se.

Abaixo das expectactivas geradas pela própria candidatura - que falava de um score de 15% -, Pinto Luz disse que a sua candidatura “surpreendeu todos, mesmo os que tentaram a todo o custo uma bipolarização”.

No discurso de aceitação da derrota, o vice-presidente da câmara de Cascais reclamou 12% (com os militantes inscritos da Madeira, que não são reconhecidos pelo PSD). “Marcámos a diferença pelas ideias, pelo nosso reformismo e inconformismo permanente, pelo nosso arrojo, agenda e prioridades. Partimos com as expectativas modestas”, acrescentou. Miguel Pinto Luz disse ainda que o PSD é a única “alternativa ao modelo socialista estatizante que afastou o país do mundo moderno”. O autarca de Cascais, que entre os três era o que tinha menos notoriedade no partido, conquistou visibilidade, mas os votos em todo o país terão ficado aquém dos que obteve quando foi candidato à distrital de Lisboa.

O que marcou o dia eleitoral foram as impugnações: na Madeira (ver texto ao lado), em Portalegre e na Amadora. Na Amadora, foi o próprio mandatário distrital de Rui Rio quem quis impugnar as eleições por estarem a ser entregues cartões de militante à porta da secção de voto. No distrito de Portalegre, secção de Alter do Chão, Diogo Cúmano também reclamou junto da jurisdição por ter havido três votos confiados por telefone. O vice-presidente da JSD e director de campanha de Luís Montenegro no distrito confirmou a queixa ao Observador.

Os círculos da emigração e de Macau e de Hong Kong enviaram uma reclamação ao conselho nacional de jurisdição por causa da eleição de delegados ao congresso, que estava marcada para hoje em simultâneo com a eleição do líder. Em causa está o rateio de delegados, que foi alterado. O PSD costumava colocar nove delegados para a Europa e outros nove para fora da Europa tendo em conta o número de militantes com capacidade de votar. Só que as novas regras levaram a que, por exemplo, só dez militantes de Macau e Hong Kong pudessem votar, o que levou a que só fosse colocado a votos um delegado. Os restantes 17 são relativos à secção da Europa.

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