Incêndios na Austrália já mataram 28 pessoas. Primeiro-ministro admite erros na gestão da crise

Bombeiro de 60 anos é a 28ª vítima dos incêndios que consomem a Austrália desde Outubro. Governo garante que quer desempenhar um papel mais directo na resposta a este tipo de desastres.

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Reuters/Tracey Nearmy

Um bombeiro de 60 anos morreu este sábado no combate a um incêndio no sudeste da Austrália, elevando para 28 o número de pessoas que morreram desde o início dos gigantescos fogos que assolam o país. O homem morreu ao ser atingido por uma árvore “quando combatia um incêndio nos arredores de Omeo”, declarou o chefe dos bombeiros dos serviços florestais do estado de Victoria, Chris Hardman, à ABC Austrália.

Desde Outubro que milhares de australianos tiveram de ser retirados das suas casas por causa dos enormes e imprevisíveis incêndios que, segundo a BBC, já queimaram milhões de hectares de floresta (parte desta património da humanidade) e de terrenos, numa área equivalente em tamanho à Coreia do Sul ou a Portugal.

Os incêndios na Austrália são comuns nesta altura do ano, mas uma onda de calor de força inédita, que se tem mantido durante várias semanas, criou condições perfeitas para que os fogos se propagassem e tivessem uma força pouco habitual na costa oriental do país. Os incêndios já reduziram a cinzas quase duas mil habitações. E quem vive em Sydney, capital do estado de Nova Gales do Sul, viu-se novamente este sábado a sufocar sob uma intensa nuvem de fumo, com as máscaras serem uma visão comum nas ruas.

O tempo quente e seco que se tem feito sentir nas últimas semanas (ideal para a propagação dos fogos) deu tréguas e descanso necessários a quem estive no terreno este sábado. De acordo com os serviços de incêndio, mais de 123 incêndios estão ainda activos em Nova Gales do Sul, e 47 destes ainda não estão contidos. Em Victoria, os bombeiros locais foram chamados a combater 32 fogos florestais neste sábado. 

Ainda assim, na próxima semana, estão previstas novamente temperaturas altas e o risco de incêndio está longe de ter fim até que chova de força substancial, alertaram as autoridades australianas. 

Primeiro-ministro admite “erros"

Depois de vários episódios em que os australianos se mostraram críticos da actuação do Governo, o primeiro-ministro, Scott Morrison, declarou ser necessário criar uma comissão de inquérito sobre os incêndios. Após ser obrigado a pedir desculpas por ter ido de férias com a família para o Havai com o seu país a arder, Scott Morrison admitiu em entrevista à ABC Austrália que podia ter lidado com a crise de outra forma.

Nas últimas semanas, Morrison tem sido abordado por moradores quando visita as comunidades mais atingidas pelos fogos, principalmente nos estados de Nova Gales do Sul e de Victoria. Na cidade de Cobargo, em Nova Gales do Sul, uma mulher exigiu mais recursos para o corpo de bombeiros, enquanto outros garantiram que o actual primeiro-ministro não poderá contar com os seus votos. “Estes são ambientes sensíveis, são ambientes muito emocionais”, disse Morrison em entrevista ao canal público australiano.

Reconhecendo que as corporações de bombeiros estão sob pressão perante a magnitude dos incêndios, Morrison afirmou que existe um “novo apetite” para o Governo assumir um papel mais directo na resposta a este tipo de desastres e no combate às alterações climáticas. “Nos próximos anos, vamos continuar a desenvolver a nossa política neste domínio para reduzir ainda mais as emissões [de gases com efeito de estufa], o que faremos sem aumentar os preços da electricidade e sem fechar as indústrias tradicionais” de carvão, declarou.

O ano de 2019 foi o mais quente e o mais seco na Austrália desde que existem dados. O dia de 18 de Dezembro último foi o mais quente de sempre, com uma média nacional de temperaturas máximas de 41,9 graus. Com o desaparecimento das florestas na Austrália, também os animais e suas casas começam a ser afectadas. Os especialistas estimam que o número de animais que sucumbiram, incluindo animais domésticos, já chegue aos milhões, além de centenas de milhares de animais selvagens feridos e deslocados. Só no estado de Nova Gales do Sul, a ministra do Ambiente australiana prevê que 30% da população de coalas tenha morrido nas chamas.

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