Tsai reeleita Presidente de Taiwan por larga margem

2,6 milhões de votos separaram a chefe de Estado do adversário do Kuomintang, que considera que só com bons laços com Pequim a ilha pode estar segura.

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Tsai Ing-wen quer manter a China afastada de Taiwan HOW HWEE YOUNG/EPA

A Presidente Tsai Ing-wen de Taiwan foi reeleita neste sábado por larga maioria, um resultado que pode criar mais tensões com a China, que quer que a ilha aceite que faz parte do seu território histórico.

Os protestos pró-democracia e anti-China em Hong Kong foram centrais durante a campanha, com Tsai a dizer que Taiwan é um farol de esperança para os manifestantes da antiga colónia britânica e a rejeitar a proposta chinesa de Taiwan fazer parte do modelo de soberania “um país, dois sistemas”. O Presidente chinês, Xi Jinping, reiterou há um ano que prefere uma solução pacífica, mas não pôs de lado outras opções.

A China ficou ainda mais impopular em Taiwan antes das eleições ao fazer passar dois porta-aviões no estreito de Taiwan, no que o Governo de Taipé considerou uma manobra intimidatória.

“Esperamos que as autoridades em Pequim possam perceber que uma Taiwan democrática com um Governo escolhido pelo povo não vai ceder a ameaças e intimidações”, disse Tsai na vitória. “Pequim tem que entender a vontade dos taiwaneses, e que só os taiwaneses podem decidir o seu futuro”.

Tsai derrotou, por 2,6 milhões de votos, Han Kuo-yu, do Kuomintang, que defende a aproximação à China. E a reforçar a vitória da Presidente, o seu Partido Democrático Progressista também conseguiu a maioria no Parlamento.

A margem de votos que deu a vitória a Tsai é a maior de sempre desde que a ilha realizou a sua primeira eleição presidencial, em 1982. 

Falando na cidade de Kaoshiung, onde é presidente da câmara, Han, que teve que se defender durante a campanha das acusações de ser uma marioneta de Pequim - feitas por Tsai - deu os parabéns à adversária. Mas deu um sinal de que a ilha está dividida sobre a questão chinesa, e que Tsai pode acirrar essa fractura: “Espero que, quando acordar, Taiwan ainda esteja unida. Peço à Presidente Tsai que se centre na qualidade de vida das pessoas, uma vida que possam viver em segurança e felicidade”.

Para Han, Taiwan só estará segura quando tiver boas relações com Pequim.

A China suspendeu o mecanismo de conversações com Taiwan quando Tsai foi eleita, em 2016, e nestes anos fez com regularidade exercício militares junto da ilha. Pequim considera que Tsai quer ultrapassar a linha vermelha da relação entre os dois lados do estreito, impulsionando a ideia de uma República de Taiwan.