Guaidó tomou posse como presidente da Assembleia Nacional, após novo enfrentamento com a polícia
Sede do poder legislativo voltou a ser palco de cenas caóticas. Guaidó só conseguiu tomar posse depois de presidente reconhecido pelo Governo ter realizado sessão parlamentar.
A política venezuelana continua a viver em duas realidades paralelas, unidas apenas pelo ódio e desconfiança nutrida por cada uma. A nova arena de confronto é a Assembleia Nacional, que voltou a ser palco de cenas caóticas quando duas sessões parlamentares ocorriam quase em simultâneo esta terça-feira.
Quase um ano depois de se ter proclamado Presidente interino, Juan Guaidó renovou o juramento como presidente da Assembleia Nacional, numa sessão rápida e realizada apenas depois de o líder da oposição se ter visto novamente impedido de entrar no edifício pela Guarda Nacional Bolivariana. Guaidó estava acompanhado de cerca de uma centena de deputados que o apoiam, quando foi confrontado pela polícia.
Só ao fim de algum tempo é que o líder oposicionista pôde entrar no edifício da Assembleia para poder prestar o juramento. Por essa altura, descreve o jornal El Universal, a sessão convocada por Luis Parra, que também reivindica a presidência da Assembleia, estava a terminar. Ao entrarem, os apoiantes de Guaidó lançaram gritos de “ilegítimo” para os deputados que estavam com Parra.
O deputado da oposição Ángel Rodríguez negou que a entrada a Guaidó e aos seus apoiantes tenha sido negada, mas que apenas eles tinham chegado quando a sessão parlamentar já tinha terminado. “Acabou a sessão e saímos para o pátio da Assembleia quando nos deparámos com o espectáculo montado por parte da direita venezuelana”, afirmou Rodríguez à Unión Radio.
À entrada para um ano que tem tanto de decisivo, com eleições legislativas marcadas para Dezembro, como de imprevisível, o confronto institucional que estalou quando Guaidó se proclamou Presidente interino é cada vez mais o novo normal na Venezuela. Esta semana, o deputado Luis Parra foi eleito presidente da Assembleia Nacional, o cargo a partir do qual Guaidó justificou a sua iniciativa. Apesar de pertencer à oposição, Parra foi expulso do partido do qual fazia parte e é acusado pelos apoiantes de Guaidó de ter sido “comprado” pelo regime de Nicolás Maduro.
No mesmo dia das duas sessões parlamentares rivais, várias contas de Twitter de instituições e dirigentes governamentais foram canceladas pela rede social, incluindo a da assessoria de imprensa de Maduro, sem que tivesse sido fornecida qualquer justificação. Em geral, a empresa norte-americana suspende contas se houver suspeitas de pirataria, se servirem para enviar spam ou se forem denunciadas por enviarem ameaças ou roubarem a identidade de outros utilizadores.