Homens que violaram estudante indiana em autocarro em 2012 vão ser enforcados dia 22

Os agressores foram julgados com relativa rapidez, num país onde casos de agressão sexual geralmente levam anos na Justiça. Na Índia, em média, uma mulher é violada a cada 20 minutos.

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O crime motivou uma onda de indignação e manifestações Reuters

Os quatro homens condenados pela violação, tortura e assassínio de uma estudante de 23 anos em 2012 num autocarro em Nova Deli vão ser enforcados no dia 22 de Janeiro, anunciou esta terça-feira um tribunal indiano.

De acordo com a agência de notícias Press Trust of India (PTI), as execuções foram agendadas após o Supremo Tribunal da Índia rejeitar, no mês passado, o recurso final dos condenados.

O Presidente da Índia ainda pode interceder no caso, mas isso não deverá acontecer.

A vítima, uma estudante de Fisioterapia de 23 anos, a que os media indianos chamam Nirbhaya” (sem medo) – porque a lei indiana proíbe a identificação de vítimas de violação –, estava a voltar para casa com um amigo após uma sessão de cinema, quando seis homens os atacaram num autocarro.

Os condenados espancaram o amigo da jovem com uma barra de metal, violaram a estudante e usaram a barra para lhe infligir profundos ferimentos internos.

Os dois foram atirados nus para a beira da estrada e a mulher morreu duas semanas depois do ataque.

Quatro réus foram condenados à morte e um outro acusado enforcou-se na prisão antes do início do julgamento, embora a sua família insista que foi assassinado.

O sexto agressor era menor de idade na altura do ataque e acabou por ser condenado a três anos num reformatório para jovens.

Os agressores foram julgados com relativa rapidez, em 2013, num país onde casos de agressão sexual geralmente levam anos na Justiça.

O caso gerou uma onda de indignação no país que levou à realização de grandes manifestações em muitas cidades. E obrigou a que fossem feitas mudanças nas leis sobre violência sexual, que passou a incluir a pena de morte para alguns casos. 

Mas a demora dos tribunais atrasam as condenações, deixando as vítimas desprotegidas ou incapazes de levar o caso até ao fim.

Em Dezembro de 2019, uma vítima de violação de 23 anos foi queimada por um grupo de homens, entre eles os violadores, quando estava a caminho do tribunal. Morreu num hospital de Nova Deli.

A introdução das mudanças legislativas tem sido deficiente e as violações não cessaram ou diminuíram. A pena de morte e as penas mais pesadas não tiveram efeitos dissuasores para um problema de cariz cultural e social. E na Índia, em média, uma mulher é violada a cada 20 minutos.