Há alguns anos que Roma vai tentando expulsar de vários pontos turísticos os vendedores ambulantes de souvenirs e afins. À entrada do novo ano, a cidade decidiu dar um sinal mais efectivo e remover quase duas dezenas destes profissionais das vendas, por vezes demasiado impositivos junto dos turistas e na busca de potenciais clientes, isto pouco depois de Veneza também ter declarado guerra às lojas de souvenirs de “pechisbeque”.
Para começar, desde 1 de Janeiro, informa a autarquia, foram declarados “incompatíveis com o decoro e segurança” e “removidos das áreas mais prestigiadas do centro da cidade” 17 vendedores ambulantes – sendo que alguns utilizam normalmente carrinhas tornadas cafés ou com bancas, enquanto outros andam pelas ruas a tentar vender os produtos. Só da praça de Espanha e Panteão saíram cinco de cada zona, enquanto da Fontana di Trevi foram retirados quatro, dois do Tridente e um da praça Navona. A “remoção” tem uma vantagem acrescida para condutores: são também lugares de estacionamento, que antes estavam quase sempre ocupados e agora ficam disponíveis.
Nem todos os vendedores terão direito a novo local de trabalho. Dos 17, nove foram declarados “incompatíveis" com os regulamentos – a nota autárquica não adianta razões. Os oito restantes, confirma o Corriere della Sera, foram relocados noutras ruas e praças menos apinhadas, alguns em zonas próximas dos pontos turísticos onde se encontravam, outros com mais azar...
A decisão insere-se, refere a autarquia numa nota que tem como mote os termos “comércio e decoro", no “âmbito do trabalho de reorganização do comércio em espaço público”. Objectivos declarados: “proteger” o património monumental e cultural de Roma e salvaguardar a “segurança pública nos pontos de maior fluxo”. Já no ano passado tinham sido retirados 43 pontos de venda só da área do Coliseu.
O foco especial nos vendedores ambulantes, bancas e carrinhas já tinha sido anunciado como fazendo parte do “combate” a este tipo de comércio em áreas de Roma de “particular valor arqueológico ou artístico”, segundo o jornal Cinque Quotidiano.
Reforçando publicamente este “combate”, a presidente da Câmara de Roma, Virginia Raggi, destacou no seu Facebook uma operação da polícia local contra o “comércio abusivo”, sem licença, e a “venda de produtos de contrafacção”, “sobretudo nas principais vias comerciais e nas áreas mais frequentadas pelos turistas”. Nos últimos dias de Dezembro, os “agentes apreenderam cerca de 20 mil artigos. Bijuterias, roupas, óculos, guarda-chuvas, acessórios de telemóveis, bebidas, brinquedos e diferentes tipos de souvenirs". Do total, “mais de mil eram produtos falsificados (bolsas, carteiras, cintos, peças de roupa, etc), cópias de marcas célebres”.
As medidas seguem-se a outras reorganizações do espaço público e novas medidas (e multas) para comportamentos em público, algumas delas particularmente destinadas aos turistas. Entre elas, a polémica proibição dos turistas se sentarem e comerem em espaços monumentais como a Escadaria da Praça de Espanha. No Verão, ficou também célebre a decisão de impedir a abertura de um McDonald’s na zona do complexo arqueológico das Termas de Caracala. “As maravilhas de Roma têm de ser protegidas”, dizia então Virginia Raggi.