Isabel dos Santos fala em processo “politicamente motivado”

A empresária afirma “que nunca foi notificada pela Procuradoria-Geral da República” de Angola e diz que não teve oportunidade de apresentar defesa.

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Toby Melville/Reuters

A empresária Isabel dos Santos afirmou esta terça-feira que nunca foi notificada ou ouvida no âmbito no inquérito que levou ao arresto das suas contas em Angola, negando as acusações em que é visada num processo que afirma ser “politicamente motivado”.

Em comunicado enviado esta noite às redacções, a empresária angolana afirma “que nunca foi notificada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ou citada pelo Tribunal Provincial de Luanda”, desconhecendo o teor da acusação e que “não teve oportunidade de apresentar defesa”.

“Este despacho sentença é resultado de um julgamento de uma providência cautelar, que ocorreu sem conhecimento das partes, de forma aparentemente arbitrária e politicamente motivado. Não compreendendo nem se podendo conformar com este enquadramento num Estado de Direito democrático como é Angola, Isabel dos Santos pretende opor-se a cada uma destas alegações em sede e tempo próprio nos termos estabelecidos na lei angolana”, lê-se no comunicado de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

Nas eleições gerais de 2017, João Lourenço, antigo ministro da Defesa Nacional de José Eduardo dos Santos, foi eleito Presidente da República.

O Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais detêm participações sociais.

Luanda acusa os três de “ocultar património obtido às custas do Estado” e afirma que a filha do antigo Presidente de Angola, “por intermédio do seu sócio Leopoldino Fragoso do Nascimento, está a tentar transferir alguns dos seus negócios para a Rússia, tendo a Polícia Judiciária portuguesa interceptado uma transferência de dez milhões de euros que se destinava à Rússia”, segundo se lê no despacho do tribunal a que o PÚBLICO teve acesso esta segunda-feira.

Em causa estão perdas para o Estado angolano superiores a mil milhões de dólares, refere o documento.

De acordo com a PGR, Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, e Mário Silva celebraram negócios com o Estado angolano através das empresas Sodiam, empresa pública de venda de diamantes, e com a Sonangol, petrolífera estatal.