O fim. Allen Halloween abandona carreira musical

Uma das vozes mais originais da cultura hip-hop portuguesa, o rapper Allen Halloween, comunicou o fim do percurso musical, depois da edição recente de um livro e álbum. Motivos religiosos é a razão apontada para a decisão.

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Nada o fazia prever. Esta sexta-feira, um dos mais singulares e intensos rappers e produtores da cultura hip-hop portuguesa, Allen Pires Sanhá, mais conhecido por Allen Halloween, comunicou nas redes sociais que punha fim ao seu percurso musical para abraçar a religião por inteiro. “Durante anos tentei fazer música e servir a Jeová ao mesmo tempo, mas isso sempre foi uma tarefa impossível para mim. Eu amo demais! Não consigo fazer nada por metade. Não consigo estar envolvido em nada que não seja a 100%”, escreveu, para concluir mais à frente: “Anuncio aqui, o fim da carreira de Allen Halloween.”

A comunicação foi feita na rede social Instagram, tendo sido entretanto – página e comunicação – apagados. O PÚBLICO tentou chegar à fala com Allen Halloween para obter mais esclarecimentos, mas até à data tal não foi possível. A decisão acontece quando havia lançado recentemente um livro contendo as letras-poemas da sua autoria (Livre Arbítrio) e um álbum semiacústico de nome Unplugueto. Na mesma mensagem podia ler-se que a resolução não era repentina, tendo sido maturada ao longo de todos estes anos. “Finalmente tenho coragem e fé para resolvê-lo. Peço a todos que respeitem a minha decisão e que quando me virem por aí, não me chamem mais com coisas do Halloween. O Halloween morreu.”

Aos seguidores mais fiéis deixou também uma palavra de reconhecimento. “Agradeço a todos aqueles que sempre me apoiaram desde o primeiro dia. Aqueles que faziam centenas e centenas de quilómetros para me ver e ouvir. Foi forte! Foi puro! Foi lindo! Sem esquemas e truques. E que ninguém fique triste porque eu estou feliz”, podia ler-se na missiva deixada.

Conhecido como uma das vozes mais personalizadas da cultura hip-hop em Portugal, lançou ao longo dos anos discos como Projecto Mary Witch (2006), A Árvore Kriminal (2011) ou Híbrido (2015), que lhe granjearam o respeito e admiração dos melómanos e de um público fiel, através da voz profunda, uma sonoridade densa e escurecida e um todo poético e sónico que tanto traçava a existência dura nos bairros da Lisboa metropolitana, como o seu apego à fé. No meio musical era conhecida a sua devoção, mas a comunicação desta sexta-feira acabou por apanhar quase toda a gente desprevenida.  

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