Rússia tem um míssil hipersónico capaz de escapar às defesas dos EUA

O Avangard é 27 vezes mais rápido que o som e chega a todo o lado no planeta. Para Putin é um dia histórico, como quando a União Soviética enviou o primeiro satélite para o espaço em 1957.

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O novo míssil Ministério da Defesa da Federação Russa

O primeiro míssil Avangard, capaz de atingir uma velocidade 27 vezes superior à do som e de transportar ogivas convencionais e nucleares, entrou esta sexta-feira ao serviço das Forças Armadas russas. Um sucesso que o Presidente russo, Vladimir Putin, não deixou de elogiar comparando-o ao lançamento do primeiro satélite para o espaço pela União Soviética, em 1957. 

O novo míssil consegue atingir qualquer zona do planeta e evadir-se às defesas norte-americanas, disse Putin. A Rússia, continuou o Presidente, está hoje num patamar totalmente diferente dos Estados Unidos no que a armas balísticas diz respeito. 

Uma clara mensagem de que a relação de forças de armamento balístico pode ter sofrido um abanão a favor da Rússia, que desde o fim da Guerra Fria e do colapso da União Soviética está em desvantagem em relação aos EUA. 

“Felicito-o por este marco para os militares e para toda a nação”, disse a Putin o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, quando anunciou que o primeiro míssil entrou ao serviço das Forças Armadas na região de Orenburg, nos Urais. 

O Presidente russo anunciou ao mundo o desenvolvimento do míssil num discurso à nação, em Março de 2018, argumentando que o Kremlin fora obrigado a fazê-lo por causa dos esforços norte-americanos em desenvolver um sistema de defesa que poderia anular a capacidade de dissuasão nuclear russa. E, em Dezembro desse ano, o míssil foi testado a partir de uma base de mísseis em Dombarovsky, no sul dos Urais, contra um alvo a uma distância de mais de 3700 quilómetros. 

“Dirige-se ao alvo que nem um meteorito, que nem uma bola de fogo”, disse Putin no seu discurso. 

A revelação não foi bem recebida pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, e pelo então conselheiro de Segurança Nacional John Bolton, que acusaram a Rússia de violar os tratados de mísseis balísticos ao desenvolver novos. Um dos acordos internacionais violados era o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio, assinado entre Washington e Moscovo em 1987. 

Trump avisou a Rússia que iria suspender as obrigações norte-americanas no âmbito do tratado se o Kremlin não suspendesse os programas balísticos, tendo Putin negado que a Rússia estivesse a violar o acordo internacional. O Kremlin acabou por decretar o tratado “formalmente morto" em Agosto passado e, hoje, apenas resta o Novo Start (Tratado de Redução de Armas Estratégicas), assinado já bem depois do fim da Guerra Fria, em 2010. 

O fim do tratado de mísseis de alcance intermédio foi mais um sinal da crescente corrida ao armamento entre os Estados Unidos e a Rússia, desmantelando os acordos internacionais responsáveis pelo controlo do armamento balístico dos tempos da Guerra Fria.

E a comparação entre o novo míssil russo e o lançamento do primeiro satélite feita por Putin é mais um sinal: o satélite russo aprofundou a corrida ao espaço entre as duas superpotências de então. 

A última esperança de algum controlo de armas balísticas é o Novo Start. Manter-se-á em vigor até Fevereiro de 2021 e espera-se que as negociações para a sua possível extensão comecem nos próximos tempos. Mas o clima não é propício e este novo míssil balístico veio acrescentar ainda mais desconfiança à já existente entre Washington e Moscovo, não esquecendo Pequim, que não é parte integrante destes tratados e tem um programa de desenvolvimento mísseis balísticos. 

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