O serviço à mesa está a mudar para o formato software

A digitalização está a mudar restaurantes, com tecnologia que facilita encomendas e pagamentos. Ainda não é fim do empregado de mesa, mas estamos mais perto.

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Jason Lee/Reuters

Miap é uma aplicação que está a ser desenvolvida em Portugal por duas startups estrangeiras que se cruzaram em Lisboa e se fundiram numa só. A fusão aconteceu depois de os quatro fundadores da Hey Waiter e da Miap se terem encontrado por acaso em Novembro, na capital portuguesa, durante a Web Summit. Perceberam que andavam os quatro atrás do mesmo: uma solução para facilitar a vida a restaurantes e respectivos clientes e, de caminho, ganhar dinheiro com tecnologia que ajudasse a optimizar aquela relação comercial entre quem come e quem põe comida na mesa.

Stéphanie Lengelé (belga) e o marido, Sylvain Moreau (francês), mudaram-se para Portugal em Abril. Já andavam a cogitar em algo que tem mexido com diversos empreendedores – as ineficiências que roubam tempo e custam dinheiro no sector da restauração. “Escolhemos Lisboa porque procurávamos terreno ‘neutro’ fora dos nossos países e porque Lisboa tem aquilo de que uma startup como a nossa precisa”, justifica Stéphanie.

Feita a mudança, reservaram lugar na Web Summit 2019. Tal como a portuguesa Sneat, a dinamarquesa QuickOrder, e a francesa Miap – com a qual acabariam por se fundir –, a empresa de Stéphanie e do marido propunha digitalizar tarefas num restaurante. Como na Hey Waiter havia duas pessoas fortes no marketing e na Miap eram fortes na tecnologia, decidiram que tinham de se juntar. “Fundir duas startups não é assim tão fácil. Não há activos, mas há egos e é preciso que todos se entendam”, diz Stéphanie. 

Em pouco tempo, lá se entenderam e apresentaram-se a quatro na Startup Lisboa, na final do concurso de empreendedorismo From Start to Table. Ganharam 10 mil euros, reservados ao projecto vencedor na área de tecnologia para a restauração.

Cruzarem-se na Web Summit mudou-lhes o rumo do negócio, tal como a participação no programa de aceleração da Startup Lisboa lhes facilitou a mudança. “No início do programa éramos dois numa empresa e no final éramos quatro noutra empresa. Acabámos por ter muita ajuda em Portugal, que foi a escolha certa. O apoio da Startup Lisboa foi fundamental, tinham as pessoas certas para nos ajudar naquela fusão.”

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Três ecrãs da aplicação Miap usada pelos clientes para consultar ementas, fazer críticas ou ver que restaurantes já aderiram ao serviço DR

A Miap (vem de miam – o “nham nham” dos franceses – e do gato no logótipo da app, que mia) serve restaurantes, bares e hotéis para pedidos e pagamentos rápidos, em 30 segundos. Está disponível em iOSAndroid e Web e, tal como outras soluções no mercado, pretende simplificar a nossa experiência num restaurante. O cliente chega e aponta a app para um código QR que permite aceder à ementa. Esta é apresentada em seis línguas, com imagens e com críticas e avaliações de outros clientes. Vista a carta, encomenda-se através da app directamente à cozinha e paga-se no momento da encomenda. Depois é só esperar que sirvam.

Por outras palavras, é o serviço à mesa em formato software, um conceito de SaaS (Software as a Service) que, na área da restauração, é ainda um mercado aberto. Ganhará quem conseguir escala mais rapidamente. A Miap começou com Paris e Bordéus, já se estendeu para Lisboa e tem em vista Lyon. É um número ínfimo (20 restaurantes) e há muito mercado por conquistar. 

Stéphanie diz que há vantagens para empresários e clientes. Porque optimiza recursos e torna o serviço mais eficiente, ao mesmo tempo que simplifica a vida dos clientes, que podem ser recompensados com pontos convertíveis em compras por cada utilização, avaliação ou crítica que façam na app. Na Miap, os restaurantes escolhem entre 29 e 59 euros mensais, dependendo se pretendem só ementas digitais ou se querem também a encomenda e o pagamento digital. A isto acresce uma taxa de 3% nos pagamentos com cartão. Para os clientes, a aplicação e o uso é gratuito.

Ainda não é o fim do empregado de mesa, porque é preciso levar a comida à mesa. Mas se alguém tiver por aí um robô que funcione...

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