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Há 60 anos, a inauguração do metro de Lisboa parecia o dia de "um Sporting-Benfica”
Metropolitano arrancou com 11 estações e milhares de passageiros curiosos.
No dia 29 de Dezembro de 1959, o Estado e a Igreja uniram-se numa curta viagem de estreia do metropolitano em Lisboa, percorrendo o subsolo entre os Restauradores e a Rotunda (hoje Marquês de Pombal). Numa das fotografias da época vê-se o Presidente da República, Américo Tomás, ladeado por um sorridente cardeal Cerejeira e pelo então presidente do Metropolitano de Lisboa, Mello e Castro, seguidos por um conjunto de homens de fato e gravata.
Se nesse dia de cerimónia oficial os lisboetas e outros cidadãos não estavam incluídos, foi o dia 30, uma quarta-feira, que marcou de facto a história, com a estreia de verdadeiros passageiros. De acordo com o jornal República, “o público desceu em catadupa às estações do Metro”, com algumas pessoas a esperarem para entrar logo desde as três da manhã às portas de entrada dos Restauradores, Sete Rios e Entrecampos (términos da linha).
“A avalanche humana ultrapassou todas as previsões mais optimistas. Milhares de milhares de pessoas quiseram conhecer aquilo cujas obras durante tanto tempo provocaram inúmeras arrelias e engarrafamentos de trânsito”, notava o jornal. “A afluência”, dizia este diário, “só encontra paralelo num Sporting-Benfica, e as cotoveladas são inevitáveis”.
O projecto, cujas obras tiveram tapumes recortados para os alfacinhas poderem espreitar mais à vontade, tinha tido a sua génese em 1948, data da criação da empresa, com as primeiras escavações a ocorrerem em 1955. Na estreia, a rede, em formato de y e com a Rotunda a funcionar como centro, tinha 11 estações e 6,5 km de extensão.
Hoje, seis décadas volvidas e preenchidas por períodos de expansão e outros de paragens, o metro tem 56 estações – conhecidas pelos seus azulejos – , com quatro linhas independentes e 44,5 km de extensão. Já entrou em dois outros concelhos (Odivelas e Amadora) e está prestes a voltar a crescer, com duas novas estações, Estrela e Santos, que irão formar uma linha circular (depois, deverá ser a vez de Campo de Ourique e das Amoreiras) que tem sido alvo de contestação.
Pelo meio, a estação de Arroios ainda está fechada, com uma derrapagem nos prazos da obra, e a empresa, deficitária, enfrenta o desafio de, com o aumento de passageiros (169,1 milhões em 2018, o que compara com os 15,7 milhões de 1960), reforçar a capacidade de oferta com novas carruagens.
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