Morreu o cantor belga Art Sullivan
Art Sullivan vendeu mais de dez milhões de discos nos anos 70 do século passado e foi um fenómeno de popularidade em Portugal. “Não tenho grandes pretensões culturais, faço música ligeira, canto uma canção simples que em três minutos faz sorrir e sonhar, e isso basta-me”, dizia o cantor.
O cantor Art Sullivan morreu na madrugada desta sexta-feira, de cancro do pâncreas, aos 69 anos. O músico belga teve vários sucessos nos anos 70 do século passado e vendeu mais de 10 milhões de discos. Se nem sempre foi reconhecido no seu país natal, nota a agência de notícias Belga, houve outros que o adoptaram, como Portugal, a Alemanha ou a Polónia.
Marc van Lidth de Jeude nasceu a 22 de Novembro de 1950, filhos de pais aristocratas — a mãe era prima da rainha Matilde. Descoberto pelo produtor belga Jacques Verdonck, editou a sua primeira canção em 1972, Ensemble. Nos seis anos seguintes teve sucessos como Petite fille aux yeux bleus, Adieu sois heureuse, Une larme d'amour ou Petite Demoiselle. Em 1978 pôs um ponto final na sua carreira, que só viria a retomar já neste século, mas sem editar música nova.
“Houve dois fenómenos, quase ao mesmo tempo: por um lado, chegou a música disco; por outro, o fim da idade de ouro dos cantores ditos românticos”, justificou, citado no site da produtora Etoile Productions AG. Nos anos 1980 dedicou-se à produção audiovisual.
Em 2010, numa entrevista à Lusa, quando lançou um álbum comemorativo de 35 anos de carreira, disse que deixou de cantar em 1978, por considerar “que não havia lugar” para a música que fazia. Sobre as suas canções, disse esperar que os mais novos as descobrissem e os mais velhos as recordassem. “Não tenho grandes pretensões culturais, faço música ligeira, canto uma canção simples que em três minutos faz sorrir e sonhar, e isso basta-me.”
Em 2013 explicou à revista VIP que voltou porque lhe pediram para editar as suas canções em CD. “Eu disse que sim, mas achava que ia vender 500 exemplares. Mas foi disco de ouro, de platina... Só em França vendeu 200.000 exemplares. Desde essa altura, voltei a fazer espectáculos e o meu público tem a possibilidade de regressar ao passado, de se projectar na sua adolescência.”
Na mesma entrevista falou da sua relação com o público português e com o país: “Quando morrer, quero que as minhas cinzas sejam deitadas ao mar, em Cascais. Adoro Portugal, venho cá várias vezes por ano. Não é muito politicamente correcto, mas costumo dizer que a Bélgica é o meu amor e Portugal a minha amante.” Esteve em Portugal este Verão, num concerto na Expoeste, nas Caldas da Rainha.
De acordo com a agência de notícias belga, Art Sullivan contava festejar em 2020 os 45 anos de carreira, com dez “mega espetáculos”, em países como Argentina, Alemanha, Holanda e Polónia.