Sede da Porta dos Fundos atingida com cocktails molotov após sátira com Jesus

Colectivo está debaixo do fogo por sátira natalícia. “Não nos vamos calar! Nunca”, reagiu Fabio Porchat, fundador do grupo.

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Fabio Porchat e Gregório Duvivier, fundadores da Porta dos Fundos, durante uma visita a Portugal NFS - Nuno Ferreira Santos

O edifício onde se localiza a sede do colectivo humorista brasileiro Porta dos Fundos foi atingido com cocktails molotov na madrugada desta terça-feira. A informação é dada pelo grupo num comunicado à imprensa brasileira e foi entretanto confirmada pelas autoridades policiais.

“Na madrugada do dia 24 de Dezembro, véspera de Natal, a sede do Porta dos Fundos foi vítima de um atentado. Foram atirados cocktails molotov contra nosso edifício. Um dos seguranças conseguiu controlar o princípio de incêndio e não houve feridos apesar da acção ter colocado em risco várias vidas inocentes na empresa e na rua. O Porta dos Fundos condena qualquer ato de violência e, por isso, já disponibilizou as imagens das câmaras de segurança para as autoridades, para o Secretário de Segurança e espera que os responsáveis pelos ataques sejam encontrados e punidos”, lê-se no comunicado.

“Assim que tivermos mais detalhes, voltaremos a nos manifestar. Mas, por enquanto, adiantamos que seguiremos em frente, mais unidos, mais fortes, mais inspirados e confiantes que o país sobreviverá a essa tormenta de ódio e o amor prevalecerá junto com a liberdade de expressão”, acrescenta a Porta dos Fundos.

“Não nos vão calar! Nunca!”, acrescentou Fabio Porchat, fundador do grupo, na rede social Twitter. 

Ao portal noticioso brasileiro UOL, a Polícia Civil do Rio de Janeiro confirma que foram realizadas perícias no local e que foram recolhidos fragmentos dos artefactos incendiários. Corre agora uma investigação a um “crime de explosão”.

A Porta dos Fundos encontra-se no centro de uma forte controvérsia no Brasil pela reacção de segmentos cristãos conservadores à divulgação de um especial de Natal que satiriza a vida de Jesus, e que o apresenta como homossexual.

Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo e filho do Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, foi uma das figuras públicas a condenar o grupo. Correm ainda vários apelos ao boicote à plataforma Netflix, onde o filme humorístico está disponível, incluindo uma petição com mais de dois milhões de assinaturas, e um requerimento para uma audição parlamentar estadual em São Paulo, por parte de deputados críticos do colectivo.

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