Preços das casas subiram 10% no Verão, só Lisboa e Madeira contrariaram
Valor das habitações já existentes aumentou a um ritmo superior ao das casas novas, revela o INE.
As habitações vendidas em Portugal durante o Verão, de Julho a Setembro, foram transaccionadas a um preço médio 10% mais alto do que um ano antes. Só a Área Metropolitana de Lisboa e a Região Autónoma da Madeira contrariam a tendência, ao registarem uma descida nos preços, revela a actualização do Índice de Preços da Habitação divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O ritmo de crescimento global manteve-se praticamente idêntico ao do segundo trimestre (10,1%) e ligeiramente abaixo do primeiro (9,2%) quando se comparam os valores em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar da ligeira aceleração, fica aquém do pico de variações registadas entre o terceiro trimestre de 2017 e o segundo de 2018, em que houve subidas sempre superiores a 10%, chegando mesmo a superar os 11% e os 12%.
Os dados mais recentes do INE sobre a concessão de novos empréstimos para a compra de casa já são referentes a Outubro (o mês seguinte a este trimestre) e mostram um reforço do volume de crédito em 28 milhões de euros face a Setembro (totalizando 943 milhões de euros).
Para os meses de Julho a Setembro de 2019, os dados do INE mostram tendências diferentes entre os preços e o número das vendas, com uma subida dos valores e uma descida da quantidade de casas transaccionadas.
Quando se olha para o valor, só Lisboa e a Madeira apresentaram uma redução dos preços (de 3,2% e 2,8%, respectivamente), contrastando com o que se passou nos Açores (33%), o Centro (23,6%), o Alentejo (10,0%), o Norte (5,8%) e o Algarve (0,6%), onde os preços subiram. Segundo o INE, a Área Metropolitana de Lisboa “tornou-se a primeira região desde o primeiro trimestre de 2016 a apresentar uma taxa de variação homóloga negativa no valor das transacções em dois trimestres consecutivos”.
Segundo as contas do instituto estatístico, o valor das habitações transaccionadas a nível nacional “aproximou-se dos 6,5 mil milhões de euros”, crescendo 3% por comparação com o terceiro trimestre do ano anterior.
A região de Lisboa vale um terço das vendas (33,8%), mas como o preço é mais alto, o peso desta região a nível nacional sobe para 46,6% quando se tem em conta o montante das transacções.
Para o presidente da APEMIP (associação que representa os mediadores e angariadores imobiliários), Luís Lima, é expectável que o mercado sinta no próximo ano “uma estabilização ou uma ligeira quebra no número de transacções”. É, porém, “difícil prever o seu comportamento, uma vez que é extremamente complexo monitorizar um mercado onde há fortes desequilíbrios entre a oferta e a procura”, sublinha, num comunicado da associação, divulgado no mesmo dia em que foram conhecidos dos números do INE.
No terceiro trimestre, o valor das habitações já existentes aumentou a um ritmo superior ao das casas novas. “Por categoria, nas habitações existentes, os preços cresceram 10,6% (10,1%, no segundo trimestre de 2019) e nas novas a taxa de variação foi 9,3%, menos um ponto percentual que no trimestre anterior”, indica o INE.
Nos Açores, Alentejo, Centro e Madeira houve mais vendas, mas no Algarve, Lisboa e Norte houve uma diminuição do número de casas transaccionadas, o que nas duas regiões metropolitanas acontece pelo segundo trimestre consecutivo.
Juntas, Lisboa e Porto representam dois terços das vendas — cerca de 15.400 foram na região da capital e 13 mil na região nortenha. Ainda assim, tanto estas duas como o Algarve, com cerca de 3300 transacções, reduziram as suas quotas regionais pelo terceiro trimestre consecutivo. No Centro houve cerca de 9000 transacções e no Alentejo cerca de 3000. Nos Açores foram vendidas 768 habitações e na Madeira 784.
Ao todo, foram comercializadas 45.830 habitações a nível nacional neste trimestre, um valor praticamente igual ao observado entre Julho e Setembro de 2019 (e diferença é de 0,2%, o equivalente a 105 casas). Do universo global, 39 mil são habitações já existentes e as restantes 6700 são habitações novas.