Indignação na Alemanha porque foram apagados dados do telefone de Von der Leyen
Telemóvel poderia ter dados importantes para a investigação que está a decorrer sobre a contratação de empresas de consultoria da então ministra da Defesa da Alemanha.
Os membros da comissão parlamentar da Alemanhaque está a investigar a contratação de empresas de consultoria pela então ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, pensam que o telemóvel da actual presidente da Comissão Europeia continha informação importante para analisar o caso. E não queriam acreditar quando se soube, esta sexta-feira, que todos os dados foram apagados.
O porta-voz dos Verdes para a política de Segurança, Tobias Lindner, disse ao diário Die Welt que se trata de um caso de “destruição de provas”, enquanto Alexander Müller, do Partido Liberal Democrata (FDP), falou de uma “irritante táctica de dilação”, e o deputado do partido Die Linke (A Esquerda) Matthias Höhn acusou o Ministério da Defesa de “torpedear conscientemente” o trabalho da comissão de investigação.
Alexander Müller queixou-se que aos pedidos da comissão para analisar o telefone da então ministra como parte da investigação, “durante meses, o ministério dizia que ainda estava à procura do telefone e não o conseguia encontrar”. A comissão examina se houve irregularidades na contratação de empresas de consultoria externa, e se uma rede informal de ligações de Von der Leyen facilitou estes contratos.
O gabinete de Von der Leyen informou que a presidente da Comissão Europeia tinha mantido dois telefones até sair do cargo de ministra da Defesa, e entregara ambos os aparelhos de acordo com as regras habituais, segundo o Politico.
Um responsável do ministério disse à comissão que tinham sido eliminados os dados de um dos telefones em Agosto, pouco depois de Von der Leyen ter sido eleita pelo Parlamento Europeu como presidente da Comissão Europeia. O motivo para a eliminação dos dados foi que o número tinha sido exposto por hackers.
De acordo com o diário Die Welt, o Parlamento pedira a classificação do telefone como prova antes da eliminação dos dados, o que deixa agora aberta uma potencial acusação de destruição não autorizada de dados. O Ministério da Defesa, agora chefiado por Annegret Kramp-Karrenbauer, a líder da União Democrata Cristã (CDU), diz que está a “examinar as circunstâncias” da eliminação dos dados.
"É uma informação bombástica”, comentou no Twitter o jornalista do Politico Hans von der Burchard. Num comentário no Die Welt, o jornalista de política Thorsten Jungholt sublinha que a comissão parlamentar não é um tribunal, e argumenta que Von der Leyen, agora líder da Comissão Europeia, está acima da política nacional e dos previsíveis ataques da oposição. Mas acusa o Governo pelo que classifica como uma “tentativa de limpeza desajeitada do local do crime” e põe a responsabilidade pelo apuramento na nova ministra, mesmo que isso “possa prejudicar a reputação ou carreira da sua antecessora”.
Von der Leyen reconheceu, em Novembro do ano passado, que tinha havido “erros” na contratação dos consultores externos, mas disse que estes se deveram a uma mistura de negligência e erros de pessoas que queriam ser rápidas e estavam assoberbadas pelo seu trabalho. A antiga ministra deverá responder às questões da comissão de investigação a 13 de Fevereiro.