Ministro português defende pesca sustentável após acordo na UE
A Política Comum das Pescas estabelece como objectivo de acabar com a sobrepesca em 2020, mas Serrão Santos alertou para a necessidade de ter que se “pensar num pós-2020”.
O ministro do Mar, Serrão Santos, avisou esta quarta-feira que a pesca deve adequar-se à sustentabilidade das espécies e recomendou, após o acordo europeu dos volumes de captura em 2020, que os operadores devem encontrar alternativas, nomeadamente para o bacalhau.
“Tem de haver uma redução e temos que encontrar alternativas”, porque “não podemos estar a assumir que pescamos um manancial, ou um stock, acima daquilo que determina o seu futuro, e isso eu não o faria”, explicou.
“Os ajustamentos que fizemos foi para criar oportunidades de pesca dentro daquilo que era as recomendações e as expectativas do sector”, sublinhou, admitindo que os stocks estão a melhorar, salientando haver “muitos mananciais ainda em crise”, defendendo boas políticas de gestão que os defendam.
No global, as possibilidades de pesca aumentaram 17% em 2020 face a este ano. Entre outras coisas, o corte de 50% proposto para o carapau nas águas nacionais foi revertido numa subida de 24% e os de 20% na pescada foram revistos para os 5%, respeitando, garantiu Ricardo Serrão Santos, os pareceres científicos que demonstram o bom estado das unidades populacionais. Também os limites de captura de linguado foram diminuídos para uma redução de 20%, face aos 40% propostos em Outubro pela Comissão Europeia.
No que respeita ao bacalhau — espécie em que as capturas por pesqueiros portugueses só representam 4% do consumo — foi aprovado um ligeiro aumento (1%) nas águas norueguesas de Svalbard, mas uma redução de 51% na zona NAFO (Atlântico Noroeste).
Em relação ao objectivo da Política Comum das Pescas de acabar com a sobrepesca em 2020, Serrão Santos, alertou para a necessidade de ter que se “pensar num pós-2020”. “No Mediterrâneo, a situação está tão problemática que é impossível atingir o rendimento máximo sustentável para 2020 para muitos mananciais”, disse, lembrando que é uma situação que está prevista na legislação.
Gonçalo Carvalho, da ONG Sciaena, sublinhou, por seu lado, o incumprimento do objectivo, que não poderá passar impune e salientou estar “desapontado com os números finais”.
As negociações das possibilidades de pesca começaram na segunda-feira e terminaram na madrugada de quarta depois da tradicional noitada negocial que este ano se deveu a “questões técnicas nos mares Báltico e Céltico”, disse Serrão Santos.