Amnistia diz que forças de segurança do Irão mataram 304 manifestantes. “Atiraram a matar”
Organização divulga relatório em que pede ao Governo de Teerão que acabe com a “repressão cruel”. População manifesta-se contra a carestia de vida. Sete mil pessoas já foram detidas.
O número de mortes nos protestos no Irão já vai nos 304, diz um relatório divulgado nesta segunda-feira pela Amnistia Internacional, que acusa as forças de segurança de “massacrarem” manifestantes desarmados.
Os vídeos obtidos pela organização de defesa dos direitos humanos mostra forças de segurança a abrir fogo sobre os manifestantes “que não representavam qualquer risco”, segundo o relatório do grupo que pede ao Governo iraniano que actue para parar esta “repressão cruel”.
Philip Luther, o director da Amnistia para o Médio Oriente e Norte de África, diz que a informação recolhida pela organização é baseada em “angustiantes testemunhos”.
Milhares de manifestantes, entre os quais jornalistas, defensores dos direitos humanos e estudantes, foram detidos, diz a AI.
“Logo após as autoridades iranianas terem massacrado centenas de pessoas que participavam nos protestos nacionais, foi orquestrada uma vaga de repressão destinada a instilar o medo e a impedir que se falasse sobre o que estava a acontecer”, disse Luther.
A maior parte das mortes, diz o relatório, foram provocadas por tiros na cabeça, coração e noutros órgãos vitais, o que indicia que as forças de segurança estavam a “atirar a matar”.
“Em vez de continuarem esta brutal campanha de repressão, as autoridades iranianas devem de forma imediata e incondicional libertar todos os que foram presos arbitrariamente”, disse Philip Luther.
A 17 de Novembro, o terceiro dia dos protestos, e de acordo com os media estatais, tinham sido detidas mais de mil pessoas. A 26 de Novembro, segundo Hossein Naghavi Hosseini, porta-voz da comissão do Parlamento iraniano para a segurança nacional e política externa, eram mais de sete mil os detidos.
Até ao momento, as autoridades não deram um número oficial de mortos e detidos, diz a AI.
As autoridades iranianas não reagiram ao relatório, mas tinham rejeitado um balanço anterior da AI, descrevendo os números da organização como “fabricados”.
Os protestos no Irão eclodiram a 15 de Novembro, depois do anuncio de um aumento de 50% no preço dos combustíveis, com o argumento de que o país precisa de mais dinheiro devido às sanções dos Estados Unidos que estrangulam a economia. Os manifestantes incendiaram postos de gasolina e escritórios do Governo.
O Governo acusa “potências estrangeiras” de estarem a orquestrar as manifestações.