O gesto mais belo do professor de História

Cem anos depois da matança da Grande Guerra, resta ainda em França uma ferida aberta: a memória dos “fuzilados à laia de exemplo”. Inscrever num monumento aos mortos o nome de um destes homens é um acto de resistência. É uma pequena utopia necessária.

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Paulo Faria

Todos os dias, Bruno Decriem passa de carro por Manciet, no departamento do Gers, no caminho entre a sua casa, em Eauze, e o liceu de Aire-sur-l’Adour, onde dá aulas de História. Como todas as aldeias francesas, sem excepção, atrevo-me a dizer, Manciet, no sopé dos Pirenéus, tem o seu monumento aos mortos da Grande Guerra. O modelo não varia muito: uma coluna ou obelisco, encimado ou não por uma estátua ou escultura alusiva, exibindo os nomes dos filhos da terra caídos em combate. No caso de Manciet, o pilar tem ao alto uma coluna truncada, enfeitada com uma coroa de louros e uma palma de martírio, e nele se lêem, por ordem alfabética, os nomes dos 48 soldados nascidos na comuna que morreram na guerra de 1914-18.

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