Pico da gripe deverá acontecer entre o Natal e a segunda semana de 2020

As farmácias conseguem antecipar em duas semanas a fase mais severa de contágios. A estimativa da Associação Nacional de Farmácias tem por base a dispensa de medicamentos e produtos de saúde para infecções respiratórias.

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A DGS recomenda a vacinação aos profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados, incluindo os bombeiros, bem como a pessoas entre os 60 e os 64 anos, grávidas e alguns doentes crónicos Paulo Pimenta

O pico da gripe vai ocorrer entre o Natal e a segunda semana do ano novo, segundo uma estimativa da Associação Nacional de Farmácias (ANF) com base na dispensa de medicamentos e produtos de saúde para infecções respiratórias. A estimativa da ANF resulta de um estudo realizado a partir dos dados de dispensa dos medicamentos nas farmácias e foi divulgada esta quarta-feira em Lisboa pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR), da associação.

A equipa de investigadores do CEFAR realçou que as farmácias conseguem antecipar em duas semanas a fase mais severa de contágios, com base nos dados diários da dispensa de medicamentos e produtos de saúde para infecções respiratórias.

O início da fase epidémica ocorreu há duas semanas, segundo os dados confirmados pela equipa de investigadores, refere a associação. "Este novo instrumento tem grande valor para a saúde pública porque permite alertar a população para a necessidade de reforçar os comportamentos preventivos”, adiantou Nuno Rodrigues, da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, que colaborou na construção do estudo.

O especialista disse também que a recolha de informação “dá mais tempo aos serviços de saúde para planificarem a sua resposta”. Os dados indicam que em média, as farmácias recebem 520 mil portugueses por dia. "As farmácias têm todos os dias mais de meio milhão de oportunidades de contribuição para a saúde pública, através da dispensa de medicamentos, administração de vacinas e aconselhamento à população”, disse António Teixeira Rodrigues, director do CEFAR durante a divulgação dos dados. "O que é novo é que esse contacto maciço com a população permite reunir dados estatísticos em Saúde de grande valor para a sociedade”, considerou.

Segundo dados do Vacinómetro, mais de 1,3 milhões de portugueses já se vacinaram contra a gripe, registando-se uma subida em todos os grupos em comparação com período homólogo do ano passado.

Desde o dia 15 de Outubro, já se terão vacinado 1.187.042 idosos e 179.889 cidadãos com idades entre os 60 e os 64 anos, indicam os resultados da segunda vaga do relatório Vacinómetro, que monitoriza a vacinação contra a gripe em grupos prioritários da época gripal 2019/2020. Mais de metade (52%) dos indivíduos portadores de doença crónica já se vacinaram, o que representa um aumento de 11,3% face ao mesmo período de 2018, constituindo a subida mais significativa entre os grupos prioritários.

A época da vacinação contra a gripe arrancou no dia 15 de Outubro em Portugal, com dois milhões de vacinas disponíveis, 1,4 milhões para serem dadas gratuitamente a grupos de risco no SNS e cerca de 600 mil para venda em farmácias. A DGS recomenda a vacinação aos profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados, incluindo os bombeiros, bem como a pessoas entre os 60 e os 64 anos, grávidas e alguns doentes crónicos.

Este ano, pela primeira vez, as vacinas são tetravalentes, protegendo contra quatro tipos de vírus, quando até aqui protegiam para um máximo de três. A vacina tetravalente faz aumentar a probabilidade de o conteúdo da vacina coincidir com os vírus que vão circular e há a expectativa de a vacina ser mais efectiva.

A gripe é uma doença contagiosa e que geralmente se cura de forma espontânea. As complicações, quando surgem, ocorrem sobretudo em pessoas com doenças crónicas ou com mais de 65 anos.

O Vacinómetro, que se realiza pelo 11.º ano consecutivo, é promovido pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), com o apoio da Sanofi Pasteur.