Gonçalo Waddington comanda uma seita científica no Nacional
No terceiro capítulo da tetralogia O Nosso Desporto Preferido, Waddington lança-nos para um Futuro Próximo. No D. Maria II, entre 5 e 15 de Dezembro, o teatro questiona uma ciência tomada por religião.
No princípio era o Michel. E no fim talvez ainda seja. Michel, cujo nome se deverá certamente ao desenfreado entusiasmo que Gonçalo Waddington manifesta pela obra de Michel Houellebecq, é um cientista com aura de guru. É um cientista que lidera uma seita. E como qualquer seita que se preze, o horizonte, embora possa não o parecer aos olhos de quem o segue, é uma miragem que tenderá a revelar um abismo. Michel foi-nos apresentado por Waddington no primeiro capítulo da sua tetralogia O Nosso Desporto Preferido. Cada um dos capítulos decorre num tempo histórico diferente, acompanhando sempre a visão de Michel, eminente investigador e genial visionário (de acordo com a sua própria apreciação), desde que apresenta a um simpósio científico a sua revolucionária proposta de criação de uma nova espécie humana, desembaraçada de limitações físicas ao seu pleno cumprimento enquanto sociedade global, multicultural, multiétnica e, sobretudo, de fôlego intelectual e científico. Quer isto dizer que, no caminho para esta utopia, os seres humanos teriam de se desembaraçar desses empecilhos que são o sistema digestivo e o sistema reprodutor, demasiado associados a instintos primários.
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