Marcelo visita Banco Alimentar e apela à participação na “rede social de carne e osso”

O Banco Alimentar contra a Fome inicia este sábado uma campanha de dois dias de recolha de alimentos, em cerca de 2000 lojas do país. Campanha inclui a recolha de alimentos nos estádios de futebol e donativos através da Internet.

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Marcelo Rebelo de Sousa e Isabel Jonet, durante uma visita ao Banco Alimentar contra a Fome José Sena Goulão/LUSA
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O Presidente da República visitou esta sexta-feira o Banco Alimentar Contra a Fome de Lisboa e apelou à participação na campanha de recolha de alimentos no fim-de-semana, descrevendo-a como uma “rede social de carne e osso”.

Durante a visita à sede do Banco Alimentar, acompanhado pela presidente da instituição, Isabel Jonet, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “é este tipo de redes que faz viver o tecido social português onde o Estado não chega” e pediu a todas as pessoas que “não deixem de contribuir” na medida das suas possibilidades.

Começa às oito da manhã, dura todo o fim-de-semana, está por todo o país, contempla praticamente meio milhão de beneficiários, o que é muito numa população de dez milhões”, referiu, considerando que “quem puder dar apenas um produto, pequeno que seja, está a contribuir porventura até mais do que quem pode muito mais e dá menos do que devia poder dar”.

O chefe de Estado declarou que, como é habitual, tenciona contribuir pessoalmente para esta campanha, desta vez com compras em “seis ou sete sítios” entre Cascais e Lisboa, “muito diferentes, uns são grandes superfícies, outros são médias superfícies, outros são pequenas superfícies”, no sábado e no domingo. “É evidente que isto é fundamental, porque a pobreza combate-se, não com teorias, não com discursos, mas fazendo chegar alimentos a quem precisa para se alimentar — entre outras coisas, bem entendido”, defendeu.

Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que o Banco Alimentar “existe há 58 campanhas, o que quer dizer 30 anos” e observou: “É impressionante, são décadas da vida do país”. Pegando no lema desta campanha, “rede social real”, o Presidente da República descreveu a iniciativa como “uma rede social de carne e osso”, que inclui “os voluntários que lá estão, as pessoas que dão, as instituições que recebem, e os beneficiários das instituições, que são os últimos destinatários”.

É uma rede “real, não fictícia, não virtual, não à distância”, em que as pessoas “têm a noção de que aquilo que partiu de umas mãos chega a outras mãos concretas”, acrescentou.

Quarenta mil voluntários

Por sua vez, Isabel Jonet realçou que as campanhas dos 21 bancos espalhados pelo país, que integram a Federação Portuguesa dos Bancos Contra a Fome, a que preside, não seriam possíveis sem os voluntários — 40 mil, no caso desta campanha, em que os alimentos serão depois entregues por intermédio de 2600 instituições de solidariedade social. “Esta é a maior acção de voluntariado que há em Portugal”, afirmou.

Questionada se as grandes superfícies contribuem também de alguma forma para a campanha, Isabel Jonet respondeu: “Sim. Por vezes há essa percepção de que quem ganha com as campanhas do Banco Alimentar são as cadeias de distribuição, mas essa é uma ideia incorrecta”. “As cadeias de distribuição dão uma percentagem daquilo que vendem — e nós temos todos os produtos pesados por origem, sabemos exactamente qual é a quantidade em quilos que entra de cada supermercado, de loja, mesmo, e estamos a falar de duas mil lojas. E todas as cadeias de distribuição têm uma participação em alimentos no final de campanha”, prosseguiu, mencionando que, além disso, oferecem materiais e suportam publicidade.

Isabel Jonet destacou o facto de esta campanha ter como novidade a recolha de alimentos “nos estádios de futebol onde há jogos neste fim-de-semana” e chamou a atenção para a possibilidade de se participar com donativos através da Internet. Por outro lado, salientou que, por preocupação com o ambiente, nesta campanha vão ser usados “sacos de reutilização, para diminuir o consumo de sacos”, juntamente com sacos de papel, quando anteriormente se chegou a utilizar “um milhão de sacos de plástico”.

A campanha deste ano do Banco Alimentar contra a Fome, que se inicia este sábado, tem como mote #RedeSocialReal e apela para que os likes das pessoas sejam os contributos alimentares. “Este mote é uma rede social real que é um real apelo a que as pessoas não percam de vista o lado humano. Serve para mostrar que cada pessoa tem um papel a desempenhar”, disse à Lusa Isabel Jonet.

Quem quiser contribuir pode aceitar um saco do Banco Alimentar, e durante as compras escolher produtos, de preferência não perecíveis, como conservas, azeite, açúcar, farinha e massas, para doar. Em alternativa, pode comprar-se vales de produtos, que estarão disponíveis nas caixas das lojas até 8 de Dezembro.

A campanha prolonga-se até 8 de Dezembro no site www.alimentestaideia.pt.

Os 21 bancos alimentares existentes distribuirão depois os alimentos localmente, também com recurso a voluntários. Em 2018, foram recolhidas 24.262 toneladas, no valor de 34 milhões de euros, que ajudaram 2400 instituições e 380 mil pessoas.