Uma democracia só para ricos
Para além de mais pobres, os abstencionistas portugueses são também mais jovens e vivem mais longe dos centros urbanos do que quem vota. Pior: estas assimetrias aumentaram nos últimos anos.
Em Portugal, a abstenção é um tema de discussão nas noites eleitorais e pouco mais. Se quer uma prova, faça a seguinte experiência. Vá ao site Google Trends, que compila informação sobre as buscas no Google. Procure a palavra “abstenção” em Portugal nos últimos doze meses. O resultado é um gráfico fascinante: a palavra “abstenção” esteve ausente das buscas do Google durante todo o ano, exceto entre 26 de maio e 1 de junho, onde surge um pico substancial e depois entre 6 e 12 de outubro, onde o pico é um pouco mais saliente. Ou seja: semanas de eleição e, de resto, silêncio total. Já utilizei esta crónica para criticar os partidos e o Presidente da República pela forma inconsequente como lidam com a abstenção – com avisos vácuos e moralizadores – e não é por aí que vou hoje. O que me leva a arriscar escrever sobre um tema que parece não interessar a ninguém, neste chuvoso final de novembro, é um estudo que saiu na quarta-feira.
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