Portugal já tem 457 salas de atendimento à vítima
Mais de 63% dos postos e esquadras policiais já dispõem de espaços adequados ao atendimento de vítimas de violência doméstica, segundo o Ministério da Administração Interna
O Ministério da Administração Interna (MAI) garante que mais de 63% dos postos e esquadras de polícia já dispõem de uma sala de atendimento à vítima. Num comunicado divulgado a propósito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, que se assinala esta segunda-feira, aquele ministério aponta a existência de 457 salas, no universo de 667 postos e esquadras da PSP e da GNR existentes no país.
“De 2015 até agora, aumentou em 31 o número de salas de atendimento”, enfatiza ainda o MAI, acrescentando que ao longo deste ano se fizeram 52 acções de formação sobre violência contra as mulheres entre os profissionais da polícia. É um número que “mais do que duplica as registadas em todo o ano passado”, lê-se no comunicado.
Mais de 33 pessoas morreram em contexto de violência doméstica, ao longo de 2019, segundo os números divulgados sexta-feira passada pelo Governo, que contabilizou 25 mulheres adultas mortas, uma criança e sete homens. De acordo com a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, aumentaram em 10% as ocorrências participadas à PSP e à GNR, entre Janeiro e Setembro deste ano.
Já os dados divulgados pelo Observatório das Mulheres Assassinadas da União de Mulheres Alternativa e Resposta, e que se baseiam numa recolha das notícias publicadas sobre femicídios, apontavam para a existência de 28 mulheres mortas em contexto de violência doméstica, a que se somavam 27 tentativas de femicídio e 45 órfãos, entre 1 de Janeiro e 12 de Novembro. Estes números - as discrepâncias podem decorrer do facto de as autoridades terem registado como femicídios mortes que não ocorreram em contexto de violência doméstica - dão conta de uma média de três mulheres mortas por mês, numa média que sobe para cinco vítimas, se considerarmos as tentativas de homicídio.
Se recuarmos a 2004, houve até agora 531 mulheres mortas em contexto de violência doméstica, sendo que em quase metade dos casos os agressores já tinham um processo-crime a correr. Na maior parte dos casos, ainda segundo a UMAR, o homicídio ocorreu em relações com longo historial de violência, muitas vezes do conhecimento de familiares, vizinhos, amigos e até da polícia.