Democratas atiraram-se a Trump, com a novela do impeachment como pano de fundo
Candidatos às primárias democratas uniram-se nas críticas ao Presidente dos EUA, num quinto debate claramente marcado pelas audições do processo de impugnação que decorrem na Câmara dos Representantes.
Depois de quatro rondas de debates em que os participantes se dedicaram a atacar uns aos outros e a discutir estratégias partidárias para a disputa da presidência dos Estados Unidos com Donald Trump, em 2020, o quinto embate entre candidatos às primárias do Partido Democrata, realizado na quarta-feira, ficou marcado pelas críticas ao Presidente norte-americano.
Com as audições do processo de impugnação a Trump em curso e horas depois do depoimento bombástico do embaixador norte-americano na União Europeia, Gordon Sondland – que revelou que “toda a gente” no topo da Casa Branca e do Departamento de Estado sabia que estava a ser negociada uma troca de favores com a Ucrânia em nome do Presidente –, os dez candidatos uniram-se nas críticas a Trump e cada um procurou explicar porque se considera o concorrente ideal para o derrubar.
Mas para o derrubar nas urnas, insistiram todos. Uma vontade colectiva que, argumentaram, não é contrária ao dever do Congresso dos Estados Unidos de apreciar e julgar as razões que levaram à abertura do processo de impeachment na Câmara dos Representantes.
Elizabeth Warren, senadora do Massachusetts e uma das favoritas à nomeação, defendeu que “é necessário estabelecer o princípio de que ninguém está acima da lei” e que existe uma “responsabilidade constitucional” que todos têm de cumprir.
Mais dura, a senadora da Califórnia, Kamala Harris, declarou que “há um criminoso a viver na Casa Branca”.
Já Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama e outro dos favoritos à nomeação, insistiu na ideia de que a trama central do impeachment – os planos do Presidente para prejudicar a sua candidatura – faz dele o candidato mais temido pelo Partido Republicano.
“Donald Trump não me quer como nomeado. Isso é bastante claro. Quem tem maiores probabilidades do que eu para fazer o que é necessário, alcançar uma maioria no Senado, manter a [maioria na] Câmara dos Representantes e derrotar Trump?”, questionou Biden.
Bernie Sanders, senador do Vermont e terceiro preferido para disputar a corrida com o candidato Republicano, também criticou o Presidente, mas sublinhou que o debate dos democratas não pode ter Trump como única preocupação. “Ele é provavelmente o Presidente mais corrupto da história moderna dos EUA. Mas não podemos, simplesmente, deixar-nos consumir por Donald Trump. Porque se o fizermos, vamos perder a eleição”.
Com os depoimentos do dia e da semana no inquérito do impeachment sempre como pano de fundo, os candidatos discutiram, durante cerca de duas e meia, em Atlanta (estado da Geórgia) sobre muitos temas, como a saúde, as alterações climáticas, a habitação ou o racismo.
Pete Buttigieg (presidente da câmara de South Bend, Indiana) destacou a influência que tem no Midwest, onde se localizam alguns do estados-chave para a eleição e defendeu-se dos que o acusaram de falta de experiência política. Bernie Sanders lembrou que é o candidato que recebeu mais contribuições de campanha.
Cory Booker (senador de Nova Jérsia), Kamala Harris e Joe Biden entraram numa acalorada discussão sobre quem tem maior capacidade de atrair o eleitorado afro-americano. E Elizabeth Warren tentou afastar as críticas dos seus planos para criar um seguro de saúde universal sem aumentar impostos.
Tulsi Gabbard (congressista do Havai), Amy Klobuchar (senadora do Minnesota), Tom Seyer (bilionário da Califórnia) e Andrew Yang (empresário nova-iorquino) foram os outros participantes no debate. A primeira votação das primárias do Partido Democrata está agendada para o início de Fevereiro de 2020.