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"Aqui mais ninguém falou nada. Morreram as pessoas e pronto, acabou-se”
A vida seguiu em Borba, mas o perigo continua à espreita, mesmo depois do reforço de sinalização e de vedações. Agora, é tempo de pensar na reconstrução daquela estrada que durante séculos uniu duas terras e esperar que se apurem responsabilidades.
Há qualquer coisa que impressiona quando se olha para aquela estrada desfeita. A terra barrenta, os montes de pedras lá no fundo da pedreira. As pombas a voar em bando à volta da boca do grande fosso rodeado por pedra mármore. O silêncio que só é interrompido pelo barulho de algumas máquinas a trabalhar na vizinhança. Não soubéssemos nós o que aconteceu e ninguém saberia que ali tinham morrido cinco pessoas. Está tudo igual como há um ano, só que agora pode ver-se com clareza o que desapareceu ao longo de 100 metros, quando aquele troço da estrada municipal 255 ruiu.
Faz um ano no dia 19 de Novembro que dois trabalhadores de uma pedreira e três pessoas que iam a passar na estrada que liga Borba e Vila Viçosa ficaram soterrados pelos escombros. Depois de 13 dias de trabalhos lá no fundo da pedreira, em busca dos corpos, do corrupio de jornalistas, dos pedidos de responsabilidade, a terra fez o seu luto e a vida seguiu. “Aqui mais ninguém falou nada. Morreram as pessoas e pronto acabou-se”, diz Manuel Clérigo, 69 anos, que há um ano guiava o PÚBLICO pelas terras “do ouro branco”.
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