Roger Stone, conselheiro e amigo de Trump, condenado por mentir ao Congresso e intimidar testemunha

Stone manteve-se em contacto com um intermediário para informar o então candidato Donald Trump, em 2016, sobre a divulgação de e-mails do Partido Democrata pela Wikileaks.

Foto
Roger Stone vai conhecer a sentença em Fevereiro LUSA/ERIK S. LESSER

Roger Stone, antigo conselheiro da campanha eleitoral de Donald Trump em 2016, e amigo do Presidente norte-americano há 40 anos, foi considerado culpado de mentir ao Congresso, de obstruir as investigações sobre a interferência da Rússia e de intimidar uma outra testemunha. Stone enfrenta uma sentença máxima de 65 anos de prisão, mas a pena deverá ser muito inferior por se tratar de uma primeira condenação.

Stone, de 67 anos, é o sexto responsável com ligações à campanha de Donald Trump a ser condenado num processo criminal na sequência das investigações sobre a interferência da Rússia na campanha para as presidenciais nos EUA em 2016.

Para além de Roger Stone, foram também condenados Paul Manafort, antigo director da campanha de Trump; Rick Gates, adjunto de Manafort; Michael Flynn, antigo conselheiro de Segurança Nacional; Michael Cohen, antigo advogado pessoal de Trump; e George Papadopoulos, também conselheiro da campanha de Donald Trump.

O Presidente Trump referiu-se no Twitter à condenação, dizendo que há muitas outras pessoas mais merecedoras de serem presas do que o seu antigo conselheiro.

“Agora condenam o Roger Stone de mentir e querem metê-lo na cadeia durante anos. E então a Crooked Hillary, Comey, Strzok, Page, McCabe, Brennan, Clapper, Shifty Schiff, Ohr e Nellie, Stelle e todos os outros, incluindo o próprio Mueller? Não mentiram?”

No caso de Roger Stone, um experiente operacional político que se costumava vangloriar por usar truques baixos, o tribunal deu como provado que mentiu em várias ocasiões durante as investigações da Câmara dos Representantes sobre as suspeitas de conspiração entre a campanha de Donald Trump e o Governo russo. Uma outra investigação, liderada pelo procurador especial Robert Mueller, concluiu que não foram encontradas provas de coordenação entre os dois lados, mas estabeleceu que a campanha de propaganda e desinformação nas eleições de 2016 nos EUA prejudicou a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton, e beneficiou Donald Trump.

Esta sexta-feira, o tribunal deu como provado que Roger Stone procurou ter acesso a informação sobre a divulgação de e-mails do Partido Democrata, no Verão de 2016, e passou-a ao então candidato do Partido Republicano.

Através de um intermediário, Stone soube em que momentos a Wikileaks iria divulgar os e-mails roubados dos servidores do Partido Democrata por agentes russos.

As acusações mais graves são obstrução das investigações e intimidação de testemunha, cada uma com uma pena máxima de 20 anos de prisão – a sentença vai ser conhecida em Fevereiro. Para além de não ter fornecido ao Congresso vários documentos exigidos no âmbito das investigações, Stone tentou obrigar uma outra testemunha, Randy Credico, a mentir sob juramento.

Sugerir correcção
Comentar