Uma exposição no Louvre para ver o mundo eternamente inacabado de Leonardo da Vinci
Uma retrospectiva no Louvre guia-nos pela vida e obra de um artista imenso, enchendo as galerias temporárias de objectos de desejo: pinturas delicadas e perturbadoras, estudos anatómicos de um rigor impressionante, desenhos que se mexem. É um mundo inacabado carregado de beleza.
Talvez sejam as paredes escuras e os focos de luz direccionados ou circunscritos; talvez seja o facto de uma extraordinária escultura de Andrea del Verrocchio projectar sombras na primeira sala, o certo é que nesta exposição há uma confortável sensação de penumbra que convida ao silêncio e a um certo recolhimento ideais ao diálogo com as obras de arte, sobretudo quando elas são pequenos desenhos de traços ténues em que o pintor ensaia a posição do corpo num martírio de São Sebastião em que ainda não há setas ou testa o efeito de um véu que cai sobre um braço que é em tudo semelhante ao da Virgem da Anunciação da Galeria dos Uffizi, em Florença. Um silêncio e um recolhimento difíceis quando as suas salas estarão apinhadas até ao fim (24 de Fevereiro), ou não fosse esta a exposição com que o Museu do Louvre marca os 500 anos da morte de Leonardo da Vinci, um dos mestres do Renascimento italiano, um homem que nunca deixou de tentar compreender e recriar o mundo que tanto o fascinava.
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