Economia alemã escapa à recessão, mas por muito pouco

Consumo público e construção sustentam crescimento de 0,1% no terceiro trimestre, contrariando a queda do trimestre anterior.

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O país de Angela Merkel escapou à recessão, “mas com um olho negro” EPA/CHRISTIAN MARQUARDT

Ainda é uma estimativa, mas o produto interno bruto (PIB) alemão terá crescido 0,1% no terceiro trimestre do ano, o que, tecnicamente, salva a maior economia europeia de entrar em recessão. O crescimento, apesar de ténue, representa uma melhoria face ao valor de - 0,2% do segundo trimestre.

Os dados são do Destatis, o gabinete oficial de estatísticas alemão, publicados esta quinta-feira, e constituíram uma relativa surpresa, já que a generalidade das projecções dos analistas apontava para a possibilidade de o PIB recuar 0,1%. Se tal se tivesse verificado, a economia alemã teria entrado naquilo que geralmente se classifica como recessão técnica, que é declarada quando uma economia regista pelo menos duas variações trimestrais negativas do PIB consecutivas. Ao crescer 0,1%, a Alemanha repetiu o feito já registado no final de 2018: escapar por pouco a uma recessão.

Os dados sobre as componentes do PIB não são ainda detalhados, mas de acordo com as informações disponibilizadas pelo Destatis, o desempenho mais forte que o esperado terá acontecido especialmente por força de uma variação mais positiva do consumo público e por um maior dinamismo do sector da construção. O abrandamento das exportações terá sido compensado por um resultado semelhante ao nível das importações.

Em termos homólogos, o PIB acelerou 0,5%, contra a queda de 0,3% nos três meses anteriores.

Os resultados agora obtidos, apesar de melhor do que o esperado, ficaram longe de ser recebidos com euforia. À Reuters, um analista de um banco alemão afirmou que a economia alemã escapou à recessão, “mas com um olho negro”. E o próprio ministro da Economia fez questão de colocar de lado qualquer sinal de optimismo excessivo. “Não temos uma recessão técnica, mas os números do crescimento são ainda demasiado fracos”, afirmou Peter Altmaier ao canal de televisão ARD.

Nos últimos meses, na origem da “travagem” da maior economia europeia tem estado essencialmente a queda das encomendas à indústria alemã, explicada pela incerteza gerada pela guerra comercial entre os EUA e a China e ainda pela perspectiva de uma saída do Reino Unido da União Europeia.

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