Sonae compra rede de lojas iServices, a sétima aquisição do ano
Grupo estuda criação de SIGI, sociedades de investimento e gestão imobiliária em Portugal, um negócio em que já está presente em Espanha.
O grupo Sonae anunciou ontem a aquisição integral da iServices, na área da reparação de telemóveis e outros equipamentos, que tem uma rede de 15 lojas em Portugal. A aquisição, a sétima no corrente ano, está inserida na estratégia de compra, mas também venda, de negócios e no desenvolvimento da área de prestação de serviços ao cliente.
O grupo (que é proprietário do PÚBLICO), tem já nesta área as lojas Resolve. Em declarações ao PÚBLICO, João Dolores, administrador financeiro da Sonae SGPS escusou-se a adiantar que implicação terá esta aquisição na Resolve, justificando a reserva com o facto de o negócio ainda estar dependente das autoridades oficiais, nomeadamente a da concorrência. As lojas das duas insígnias estão concentradas, essencialmente, em centros comerciais, parte deles geridos pela Sonae.
A sétima aquisição do ano não está incluída no investimento de 275 milhões de euros milhões de euros realizados entre Janeiro e Setembro, o correspondente a um milhão de euros por dia. Para além das compras, uma parte do investimento foi realizado na expansão orgânica (abertura de 58 lojas da Sonae MC, incluindo nove Continente Bom Dia e dois Continente Modelo). Estas duas opções garantiram metade do crescimento (de 10%) do volume de negócios nos primeiros nove meses, para 4635 milhões de euros, também revelado ontem.
Entre as aquisições está a rede de parafarmácias e cosmética espanhola Arenal (Sonae MC) e as participações da Sonae IM (Investment Management) na Cellwize, na CB4 e na Daisy Intelligence, esta última na área da inteligência artificial. No arranque do ano, a empresa integrou a Nextel e a adquiriu a Excellium, uma empresa de cibersegurança do Luxemburgo.
Por contrapartida, a Sonae IM vendeu 100% das acções da Saphety aos membros da sua equipa de gestão, apoiada pela Oxy Capital, e alienou 100% das acções da WeDo à Mobileum, Inc.
No imobiliário, o grupo pode avançar para uma nova área de negócio. João Dolores admite que o grupo está a estudar o regime jurídico das sociedades de investimento e gestão imobiliária (SIGI), instrumentos cotados em bolsa, e focados na promoção de investimento e de dinamização do mercado imobiliário, em particular no arrendamento. O alvo será o mercado nacional, onde o regime foi criado este ano, e ainda sem grandes resultados. Neste domínio, a Sonae Sierra já tem experiência, mas no país vizinho, onde, juntamente com o Grupo Bankinter criou a Socimi ORES, cotada no Mercado Alternativo Bolsista espanhol (MAB).
Ainda na gestão do portfólio ou reciclagem de capital, a empresa destaca “o êxito” da fusão da Sonae Sierra Brasil com a Aliansce Shopping Centres, que deu origem ao maior operador de centros comerciais no Brasil e que, desde o anúncio da fusão, fez duplicar o valor de mercado das duas entidades, para cerca de 10 mil milhões de reais.
Relativamente aos resultados do terceiro trimestre, a empresas reportou um aumento do volume de negócios de 9%, para 1674 milhões de euros, e 10% nos primeiros nove meses do ano, para 4635 milhões de euros. Para este crescimento contribuiu o maior negócio do grupo, o retalho alimentar (Sonae MC), com um crescimento de 9,5% no volume de negócios, para 3427 milhões de euros nos primeiros nove meses, “reforçando assim, uma vez mais, a sua posição de liderança”, refere a empresa em comunicado.
O aumento das vendas foi acompanhado de uma “melhoria da rentabilidade operacional”, reflectida num crescimento de 21% do EBITDA (sigla inglesa para resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subjacente, nos últimos três meses, para 162 milhões de euros, e de 24% nos nove meses, para 402 milhões de euros.
Ainda em relação aos principais indicadores, o grupo apresentou um resultado líquido atribuível aos accionistas de 50 milhões de euros, no terceiro trimestre, uma duplicação face aos 24 milhões registados em período homólogo. Nos primeiros nove meses, o resultado líquido atribuível aos accionistas ascendeu a 88 milhões de euros, menos cerca de 17 milhões face ao mesmo período do ano passado, diferença explicada por resultados não recorrentes.