Energia do Futuro
De onde vem a energia que move o país
Com a ambição de ser neutro em carbono daqui a três décadas, Portugal tem nos seus planos a crescente electrificação dos consumos energéticos nos vários sectores de actividade. Por enquanto, aquilo que temos é um país muito dependente dos combustíveis fósseis e da sua importação, ainda que as energias renováveis tenham vindo a ganhar terreno nos últimos anos e se espere que sejam cada vez mais relevantes. O PÚBLICO mostra-lhe de onde vem, e como é usada, a energia que alimenta o país.
Os fluxos da energia em Portugal
Em toneladas equivalentes de petróleo (tep)
Consumo de energia em 2018
ktep (quilotoneladas equivalentes de petróleo)
Consumo final de energia por sector económico em 2017
tep (tonelada equivalente de petróleo)
Evolução das diferentes fontes de energia no consumo
Em %
Portugal ambiciona ser campeão nas renováveis (em 2030, quer ter 47% de renováveis no consumo final de energia, face aos actuais 28%), mas ainda tem uma economia muito assente nos combustíveis fósseis e principalmente no petróleo (em 2018, importaram-se 12,6 milhões de toneladas, menos 8,8% face a 2017). Ainda assim, como no ano passado houve mais produção de electricidade hídrica, caíram os consumos de carvão e gás natural nas centrais eléctricas, o que permitiu reduzir em 3,4% o consumo de energia primária. Contudo, o consumo de energia final (em que os transportes são o sector com maior peso), aumentou cerca de 1%, com uma subida de 0,7% dos combustíveis rodoviários.
Taxa de dependência energética
Em %
Evolução do saldo importador
Em milhões de euros
Embora a taxa de dependência energética tenha caído 2,7 pontos em 2018, Portugal continua a ser um dos países da União Europeia mais dependentes de terceiros (em 2017, registou a quarta taxa mais elevada, cerca de 25 pontos acima da média europeia, que ronda os 55%). Da mesma forma, está a meio da tabela, e a comparação com a média europeia é negativa no que diz respeito à quantidade de energia primária que tem de despender para produzir uma unidade do produto interno bruto. Em 2018, o saldo importador do país agravou-se em 28% (em euros), penalizado sobretudo pelo aumento dos preços internacionais do petróleo bruto e derivados, apesar de se terem reduzido quase na totalidade as quantidades importadas de cada produto. Em contrapartida, o país também exportou menos electricidade e refinados.
Um Portugal dependente das importações de combustíveis fósseis
Principais países de origem em 2018
O consumo de electricidade atingiu 50,9 terawatts hora em 2018, um aumento de 2,5% face a 2017, atingindo o segundo registo mais elevado de sempre.
Parque electroprodutor
Potência instalada, em megawatts (MW)
Nota: não inclui centrais de co-geração
Capacidade instalada no final do ano
Em MW
Electricidade produzida em 2018
Em %
Os caminhos da electricidade em Portugal
A electricidade que é produzida nos vários pontos do país circula através da rede de transporte, que também permite que haja importação e exportação de electricidade nos pontos de interligação com Espanha. Além desta rede de muito alta tensão, existe a rede de média e baixa tensão que faz chegar a electricidade à generalidade dos cerca de 6,505 milhões de consumidores.
Abastecimento do consumo eléctrico a partir da rede pública
Gigawatts hora (GWh)
O gás natural chega ao país por mar e por terra
O gás natural que abastece os cerca de 1,499 milhões de consumidores portugueses (sejam famílias – que representam 98% do total –, unidades industriais ou serviços, como hospitais ou hotéis) e as centrais eléctricas chega a Portugal por gasoduto vindo de Espanha (com entrada em Campo Maior ou Valença) ou por barco (na forma líquida, como gás natural liquefeito ou GNL) ao porto de Sines. Da rede nacional de transporte o gás natural é encaminhado para diversas redes de distribuição regionais, que o fazem chegar aos locais de consumo.
Evolução do consumo de gás
GWh
O consumo de gás natural registou o segundo valor mais elevado de sempre em 2018, totalizando 64,9 terawatts hora (ou 5,5 mil milhões de metros cúbicos), com uma redução de 6,8%, face a 2017, ano em que se verificou o máximo histórico nacional devido à seca extrema, que obrigou à grande utilização das centrais eléctricas a gás para substituir a produção hídrica. Com a saída de cena, num futuro próximo, das centrais a carvão, e a entrada em exploração dos novos parques fotovoltaicos, o gás natural assumirá o papel de energia de transição e backup na produção eléctrica (pelo menos até 2040, nas contas do Governo) e continuará a ser relevante no abastecimento à indústria.
FICHA TÉCNICA
Texto: Ana Brito. Infografia e desenvolvimento web: Francisco Lopes e José Alves