Morreu estudante que caiu de prédio durante protesto em Hong Kong
Colegas do estudante responsabilizam a polícia pela sua morte e vandalizaram vários edifícios da universidade.
Um estudante morreu esta sexta-feira, dias depois de uma queda de uma altura elevada durante confrontos com a polícia em Hong Kong. É a primeira vítima mortal no contexto dos protestos na cidade que se arrastam há meses, e a morte pode inflamar ainda mais a situação.
Chow Tsz-lok, de 22 anos, morreu depois de sofrer danos cerebrais graves, de acordo com o hospital onde deu entrada na segunda-feira. Os contornos do incidente em que esteve envolvido estão ainda por apurar. O estudante da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKUST) foi encontrado ferido num parque de estacionamento na segunda-feira de manhã e é provável que tenha caído de um edifício próximo.
Alguns manifestantes dizem que Chow estava a tentar fugir das granadas de gás lacrimogéneo lançado pela polícia. Porém, imagens das câmaras de vigilância mostram a polícia a lançar granadas nas imediações daquele local, mas não na direcção do sítio onde o estudante caiu, diz o Guardian.
Os manifestantes também acusam a polícia de ter bloqueado o acesso às ambulâncias, que demoraram cerca de 20 minutos a chegar ao local onde Chow estava caído.
Há muito tempo que os manifestantes têm acusado as forças de segurança de usarem força excessiva para dispersar os protestos – uma das suas exigências é a abertura de uma investigação independente à acção policial. Receia-se que a morte de Chow possa servir como motor para tornar as novas manifestações mais violentas.
Esta sexta-feira, dezenas de estudantes invadiram e vandalizaram várias infraestruturas do campus universitário da HKUST, incluindo a casa do presidente da instituição, segundo o South China Morning Post. Os estudantes tinham-se juntado por volta das 13h (menos oito horas em Portugal continental) para prestar homenagem a Chow. A universidade cancelou todas as aulas desta sexta-feira e também uma cerimónia de graduação.
Os alunos exigiram ao presidente da instituição que condenasse abertamente a violência policial, concentrando-se em frente à sua casa no campus. Foram feitos grafitti nas paredes do edifício e colaram cartazes. De seguida, foram vandalizados três refeitórios e uma agência do Banco da China.
Um porta-voz do governo local manifestou “grande tristeza e condolências” pela morte de Chow e garantiu que a polícia estava a conduzir “uma investigação profunda”.