Portugal ocupa o quarto lugar dos países da OCDE com população mais obesa

Último relatório Health at a Glance da OCDE indica que 67,6% da população portuguesa acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa.

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Fernando Veludo

Tabagismo, consumo de álcool e obesidade são os três principais factores de risco para doenças não transmissíveis que mais contribuem para a mortalidade em todo o mundo. E segundo o relatório Health at a Glance 2019, divulgado esta quinta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal destaca-se precisamente na obesidade e aparece em quarto lugar, juntamente com a Finlândia, na lista dos países que apresentam a maioria taxa de população com excesso de peso quando comparado com a média da OCDE.

Assim e de acordo com o mesmo documento, 67,6 % da população portuguesa acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa. Pior do que Portugal e a Finlândia só mesmo o Chile, com 74,2%, México, com 72,5%, e Estados Unidos da América (EUA), com 71%. Já nos países com melhores percentagens do que a média da OCDE destacam-se o Japão, com apenas 25,9 % da população com mais de 15 anos com problemas de peso, seguido da Coreia do Sul, com 33,7 %, e da Suíça com 41,8%.

Quando se analisam os dados da obesidade em crianças com idades entre os 5 e os 9 anos de idade, Portugal aparece em nono lugar. A prevalência é de 37,1%. O oitavo lugar é ocupado por Israel, com 37,7 %, o sétimo pelo México, Espanha fica em sexto lugar, com 37,9%, Chile, com 38,3%, fica no quinto, Grécia, com 41%, em quarto, Nova Zelândia em terceiro, com 41,8%, e Itália em segundo, com 42%. Os EUA têm as crianças mais obesas com uma prevalência de 43%.

O relatório da OCDE destaca a obesidade como um factor de risco importante para muitas doenças crónicas, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares e o cancro.

“As taxas de obesidade têm aumentado nas últimas décadas em quase todos os países da OCDE, com uma média de 56% da população com sobrepeso ou obesa”, lê-se no documento. E alerta-se ainda para o seguinte: “As doenças crónicas como o cancro, o ataque cardíaco, o AVC, problemas respiratórios e diabetes não são apenas as principais causas de morte nos países da OCDE. Estas doenças representam também uma pesada incapacidade entre os vivos.”

Mudança no estilo de vida

Segundo o documento, muitas doenças crónicas são evitáveis, se houver uma mudança no estilo de vida, nomeadamente no que diz respeito ao consumo de tabaco, de álcool, a obesidade e a inactividade física.

“Quase um terço das pessoas com 15 anos ou mais relataram que têm em média uma ou mais doenças crónicas em 27 países da OCDE”, lê-se no relatório, que dá conta que na Alemanha e na Finlândia esse número aumenta para quase um em cada dois.

“A multimorbidade é muito mais comum entre as faixas etárias de mais idade – em média, 58% dos adultos com 65 anos ou mais relataram viver com duas ou mais doenças crónicas, e esse número sobe para 70% ou mais em Portugal, Polónia, Hungria, República Eslovaca e Alemanha”, diz o relatório da OCDE.

Nas doenças crónicas destaca-se a diabetes. E nesta doença Portugal aparece em quinto lugar no que diz respeito à prevalência da diabetes tipo I e II entre os adultos, em 2017, nos países da OCDE. Portugal tinha uma prevalência de 9,9%. Apenas era ultrapassado, pela Índia, com 10,4%, EUA, com 10,8%, Turquia, com 12,1%, e México, com 13,1%.

Já no que diz respeito ao consumo de álcool, o mesmo documento revela que em 36 países Portugal está no nono lugar dos que consumem mais álcool. Em Portugal o consumo de álcool per capita é de 10,7 litros por ano.

De acordo com os dados da OCDE, “o consumo de álcool é uma das principais causas de morte e invalidez em todo o mundo, principalmente entre a população activa. Estes dados são avaliados através dos dados das vendas e concluiu-se que a Lituânia registou o maior consumo (12,3 litros de álcool por pessoa e por ano), seguido pela Áustria, França, República Checa, Luxemburgo, Irlanda, Letónia e Hungria, todos com mais de 11 litros por pessoa. Já a Turquia, Israel e México têm níveis de consumo comparativamente mais baixos (menos de 5 litros).

Quanto ao consumo de tabaco, é destacado o facto de fumar causar múltiplas doenças. É ainda referido que a Organização Mundial da Saúde estima que o tabagismo mate sete milhões de pessoas no mundo todos os anos. As taxas de fumo variam entre mais de 25% na Grécia, Turquia e Hungria, abaixo de 10% no México e na Islândia. As taxas diárias de tabagismo diminuíram na maioria dos países da OCDE na década passada, tendo passado de uma média de 23% em 2007 para 18% em 2017.

Na Eslováquia e na Áustria, no entanto, as taxas de tabagismo aumentaram ligeiramente. Portugal apresenta uma taxa de 16,8%, perto da média da OCDE que é de 18%.

Gastos em saúde e esperança média de vida

No que se refere aos gastos em saúde e esperança média de vida, a OCDE revela que existe uma clara associação positiva. Entre os 36 países da OCDE, 17 gastam mais e têm uma maior esperança média de vida do que a média da OCDE.  Porém, há oito países que gastam menos do que a média, mas alcançam uma esperança de vida mais alta em geral. Portugal está precisamente entre estes oito, juntamente com a Itália, Coreia do Sul, Espanha, Eslovénia, Grécia, Israel e Nova Zelândia.

Portugal também se destaca pela positiva na taxa de sobrevivência no cancro.

Refere o Relatório Health at a Glance 2019 que Portugal está entre os seis países da OCDE que têm uma taxa de sobrevivência relativamente alta no cancro da mama, apesar de muito menor do que a média. Os outros países são Israel, Itália, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Espanha.

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