Forças Armadas já têm mais graduados do que praças
Até Março saíram mil militares do Exército. Desses, 750 eram praças, revela o Jornal de Notícias. “Qualquer dia um oficial não tem homens para comandar”, afirma presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas.
As Forças Armadas têm cada vez menos praças ao ponto de a base já ser inferior ao grupo de sargentos e oficiais, revela o Jornal de Notícias na edição desta quinta-feira.
De acordo com dados do Ministério da Defesa, em 2018 havia apenas 11 369 praças para um total de 15 643 sargentos e oficiais e na Força Aérea também era superior o número de sargentos (2620) e de oficiais (1944) em relação aos praças, que eram apenas 1390.
Esta disparidade desvirtua a pirâmide hierárquica e representantes de militares disseram ao JN que se estava perante uma “situação limite” e que era necessário tomar medidas para conter as saídas e reforçar o recrutamento: uma delas era o aumento de vencimentos, já que um soldado recebe o salário mínimo.
Dos mil militares que saíram no primeiro trimestre de 2019, 750 eram praças do Exército, afirmou António Mota, tenente-coronel da Força Aérea e presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas. Esta fonte refere “um desequilíbrio na estrutura hierárquica”. A situação é “extremamente complicada”, afirmou, pois “há sargentos a fazer trabalho de praças e oficiais a fazer trabalho de sargentos”, “as pessoas sentem-se desmotivadas”. “Qualquer dia um oficial não tem homens para comandar”, afirma.
Também Luís Reis, cabo-mor da Marinha e presidente da Associação de Praças (AP) aponta uma “desvalorização funcional”, fruto “do défice de militares” e afirma que a falta de efectivos cria efeito “bola de neve” porque a saída de praças destabiliza a hierarquia.