Custo da nova ponte no Douro passou de 12 para 26,5 milhões de euros

Mexidas nos pontos de ligação às margens do Porto e de Gaia, e nos acessos, nas duas cidades, duplicam orçamento.

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A ponte será construída a montante da travessia ferroviária Joana Costa Lima

As exigências da Agência Portuguesa do Ambiente e da APDL implicaram alterações importantes no projecto da nova ponte sobre o Douro, que as Câmaras do Porto e de Gaia pretendem erguer a expensas próprias. Aquilo que há dois anos foi apresentado como um desenho simples, a custar seis milhões a cada município, vai, afinal, custar 26,5 milhões, com Gaia a ter de suportar a maior fatia por causa da construção de acessos entre a travessia e a VL9, explicou Rui Moreira na assembleia municipal do Porto.

Segundo o autarca, as duas câmaras tiveram de encontrar um novo ponto de encontro entre as duas margens, para responder aos reparos da APA que, face à cota da cheia histórica no local inicialmente proposto, insistia que a ponte não deveria estar à mesma altura, face ao plano de água, do tabuleiro inferior da ponte Luís I, mas mais alta. Rui Moreira adiantou que a melhor alternativa à primeira, no lado do Porto, passava a implicar com o património classificado da Quinta da China, pelo que foi necessário procurar outra opção. 

É essa que agora, segundo as contas detalhadas pelo independente, custará seis milhões a cada município, sendo que o Porto investirá mais três milhões em acessos, coisa que em Gaia sairá mais caro, pelas razões referidas. O município da margem sul gastará nas ligações rodoviárias 11,5 milhões, ou seja, quase tanto quanto o orçamento da futura Ponte D. António Francisco dos Santos, antigo bispo do Porto, já falecido. No total, a alternativa ao tabuleiro inferior da ponte Luís I acabará por custar 26,5 milhões, investimento que permitirá reservar a parte baixa da velha obra de arte projectada por Gustavo Eiffel para o eléctrico e para o tráfego pedonal, que é cada vez mais intenso entre as duas zonas ribeirinhas. 

Rui Moreira explicou ainda que a empresa municipal Go Porto será a dona da obra, o que explica que o respectivo plano de investimentos preveja despesas de 13,1 milhões de euros, distribuídas pelos próximos três anos. “Depois faremos o acerto de contas com Gaia”, notou, nas explicações dadas após dúvidas suscitadas por Rui Sá, da CDU. 

Com a demora na obtenção dos pareceres, o projecto atrasou-se, o que levou o presidente da Câmara de Gaia, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, a queixar-se da burocracia e a pedir a simplificação deste tipo de processos. Também Rui Moreira chegou, numa outra assembleia municipal, a acusar a APA de estar a avaliar o projecto à luz de um possível dilúvio, considerando ser este um exemplo de “um país pobre com vícios de país rico”.

O processo promete demorar, pois ainda falta o concurso para a concepção da ponte e, de seguida, uma nova consulta ao mercado, de âmbito internacional, para encontrar quem a construa. Quando estiver concluída, esta será a sétima ponte a unir as duas margens do Douro, com faixas para trânsito automóvel, transporte público, peões e bicicletas.

 
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